Recarga do bilhete único enfrenta problemas nas periferias de SP

Agência Mural

Na periferia, principalmente nos bairros distantes das estações de metrô e trem, carregar o bilhete único pode ser um desafio. Os problemas incluem falhas no sistema e o horário de funcionamento dos postos, que abrem no horário em que as pessoas já precisam estar chegando ao trabalho.

Veja abaixo depoimentos dos correspondentes do Mural das zonas norte e leste da capital.

“No Jardim Felicidade, zona norte, havia dois postos de recarga em lojas na avenida Arley Gilberto de Araújo. Hoje há apenas um, numa loja de produtos de limpeza. O bairro não possui casas lotéricas, as mais próximas estão no Jaçanã, e fazem recargas a partir de R$ 8. Outro problema comum é a queda do sistema. Para recarregar usando cartões de crédito ou débito, é preciso ir até o metrô Tucuruvi, que fica a 1h30 de ônibus.
Aline Kátia Melo, 32, da Jova Rural.

“Na Cachoeirinha, só há postos no terminal, que ficam sempre lotados. Fico mais de uma hora e meia na fila, isso quando tem sistema. Os totens de autoatendimento raramente funcionam. É uma fila para tudo, uma bagunça”.
Kelly Mantovani, 20, de Vila Nova Cachoeirinha.

“Moro na Vila Zilda, zona norte, e aqui tem poucos comércios que fazem a recarga. A maioria das pessoas sai cedo para trabalhar, momento em que os postos ainda não estão abertos. Uso bilhete mensal, que só pode ser carregado no metrô Tucuruvi. Mesmo lá, é frequente o sistema estar inoperante. Então, sempre tenho que ter uma segunda opção”
Priscila Gomes, 31, da Vila Zilda.

No Itaim Paulista, não há máquinas dentro da estação e preciso recorrer a lojinhas. Porém, elas abrem às 9h. Quem mora no extremo leste e tem de estar 9h no trabalho faz como? Paga direto duas passagens.
Cacau Ras, 35, do Itaim Paulista.

Em Guaianases, há alguns comércios que fazem recarga, mas a queda de sinal é frequente. Na lotérica, há demora no atendimento devido à grande quantidade de pessoas. É comum os bilhetes apresentarem problemas técnicos na hora de recarregar.
Lucas Veloso, 20, de Guaianases

Para lidar com a falta de pontos de recarga, há soluções simples de implantar. Em Buenos Aires, por exemplo, se o cartão possui saldo zero, o passageiro pode fazer mais uma viagem e ficar com saldo negativo. A compensação é feita na próxima recarga. Em Londres, os ônibus conseguem debitar a passagem diretamente do cartão de crédito ou débito.

Há outro exemplo mais próximo: com o cartão BOM, usado nos ônibus intermunicipais da Grande São Paulo, o usuário pode comprar créditos pela internet e recebê-los ao encostar o bilhete no validador da catraca.

A SPTrans, que gerencia o transporte na capital estuda implantar tecnologia semelhante e, desde o ano passado, permite carregar o bilhete único usando smartphones equipados com a tecnologia NFC (Comunicação em campo próximo, na sigla em inglês).

De acordo com a SPTrans, na cidade de São Paulo há 8.538 postos de recarga do Bilhete Único em bancas de jornal, lotéricas, bares, farmácias e outros estabelecimentos. Há também 1.400 equipamentos de autoatendimento e 550 postos em estações e terminais.

(Colaborou Rafael Balago, de Pirituba).

Comentários

  1. O problema não é o número de pontos de recarga e sim a tecnologia defasada ao extremo , anos 90.
    Isso é um cartel de um fabricante de validadores quem não permite tecnologia interoperavel além da péssima telefonia . Outro ponto é a corrupção no sistema do BU !

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