Guia de rodas de samba é lançado em evento na zona norte de São Paulo

Agência Mural

Quinta-feira (23), sete da noite. Aos poucos o público lota o Vila do Samba, na Casa Verde, zona norte de São Paulo. Quatro grupos de rodas de samba se cumprimentam e se preparam para as apresentações. O clima é de expectativa para o lançamento do guia Circuito de Rodas de Samba SP, que traz informações sobre comunidades de samba paulistas.

Com 31 páginas, o guia reúne e apresenta histórias, datas das apresentações, endereços e contatos de rodas de samba. A maioria se concentra nas regiões norte e sul da capital, mas também existem grupos de cidades do interior. Até o final deste ano, estão previstas mais duas edições, com cerca de 100 rodas de samba catalogadas.

Durante o evento, o destaque também foi a comemoração de aniversário de quatro grupos de samba: Samba da Laje (18 anos), Samba da Vela (15), G.R.E.S Quilombo (8), na zona sul, e Maria Cursi (11), na zona leste. A deputada estadual de São Paulo, Leci Brandão e representantes da ASTEC (Associação dos Sambistas, Terreiros e Comunidades do Samba do Estado de São Paulo), os idealizadores do guia, também estiveram presentes.

Para muitos moradores e frequentadores de rodas de samba, o lançamento foi visto como uma conquista das comunidades de samba de raiz. Frequentador assíduo do Vila do Samba, o cozinheiro industrial Antônio Carlos Butinhão, 46, sugere: “o samba precisa de mais divulgação na secretaria da cultura, poderia levar as rodas aos parques, praças, e trazer novos talentos das comunidades.”

Além de ter mais espaço para divulgação do samba, o carteiro Reinan Rocha, 40, do grupo Marta Mursi, afirma que é necessário ter mais ajuda para os projetos desenvolvidos em comunidades. “Falta muito espaço nas comunidades. Tocamos em um lava-rápido e precisamos de mais autonomia. As aulas [de samba] para a molecada são na rua.”

Conhecido como Julinho da Laje, o músico Luiz Carlos, 44, do Samba da Laje, conta que o seu grupo também faz ações voltadas para a comunidade. Ele diz que arrecadam alimentos e organizam festas para a comunidade, como dia das crianças e natal. “Essa ajuda do governo [lançamento do guia] é importantíssima, mas continuamos fazer nosso trabalho social sem ajuda. É um pouco sofrido, mas gratificante. Somos uma família”, ressalta, ao valorizar a comunidade do samba de raiz.

“O samba hoje está se multiplicando”, afirma a deputada Leci Brandão. Ela conta que muitas pessoas a procuram para receber dicas sobre rodas de samba para frequentar. De acordo com a parlamentar, ainda existe preconceito quando se fala em samba. “Cabe à imprensa divulgar os trabalhos e projetos sociais das comunidades”, defendeu.

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Kelly Mantovani, 21, é correspondente da Vila Nova Cachoeirinha
kellymantovani.mural@gmail.com
@mantovanikelly_