Na zona norte, crise aumenta procura por reparo de roupas
A crise financeira no Brasil tem atingido a periferia de São Paulo de formas distintas. Na Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte de São Paulo, comerciantes ouvidos pelo Mural estimam que o movimento de clientes encolheu até 30% na região, mas há setores que lucram mesmo em tempos difíceis.
O cenário é positivo para Cristina Uehara, 47, dona de um estabelecimento que faz pequenos ajustes em roupas há três anos. Ela diz que a maioria dos seus clientes são pequenos comerciantes que buscam cortar gastos. “As pessoas mais simples não estão comprando roupas novas com tanta frequência. Elas trazem as antigas para arrumar”, conta.
Para Uehara, quem trabalha no comércio precisa ser precavido em momentos difíceis e apostar em bom atendimento. “Com essa crise, ficam os comerciantes que remanejaram seus gastos e, ao mesmo tempo, mantiveram a qualidade. O cliente precisa de carisma e boa prestação de serviço”, ressalta. Mesmo com uma pequena queda no movimento, Uehara tem grande procura. Os armários estão sempre lotados.
Já Patrícia Lodi Rodrigues, 37, artesã e dona de uma agência de panfletagem, vive situação inversa. Há cinco anos, quando criou seu negócio depois de fazer um trabalho de porta em porta para um candidato a deputado , a demanda era grande. “Sempre que alguém nos via na rua, pedia nossos contatos”, diz.
Com dez clientes nos ramos de estética, odontologia e alimentação, entre outros, ela chegou a ficar responsável pela entrega de 50 mil folhetos com propaganda encomendados por cada um deles. “Mal tinha espaço na cozinha, era uma loucura. Batia de porta em porta, tinha ponto fixo”. Aos seus funcionários, pagava cerca entre R$ 50 e R$ 90 por dia até o movimento começar a cair em 2013, o que a fez dispensá-los.
Hoje, o cenário é outro. Se antes Rodrigues arrecadava R$ 2.000, hoje não passa de R$ 200. Os clientes atualmente aparecem a cada três meses. Para complementar a renda, a comerciante realiza alguns trabalhos manuais, como montagem de sacolas e produção de lembrancinhas feitas a partir de materiais recicláveis.
Seu marido, que recebe um salário mínimo, a ajuda com as despesas da casa, assim como seu pai e sua cunhada. A família recebe ainda R$ 150 do programa Bolsa Família.
Assim, nem sempre a comerciante consegue deixar as contas domésticas em dia. “Esses dias fui ao supermercado e gastei R$ 100 com menos de oito itens. Antes enchia o carrinho. A gente tem que apertar em outros lugares. Atrasamos contas aqui e ali”, desabafa.
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Kelly Mantovani, 21, é correspondente da Vila Nova Cachoeirinha
@mantovanikelly
kellymantovani.mural@gmail.com
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ALGUMA VEZ VOCÊ PERGUNTOU A UM COMERCIANTE
SE ÊLE ESTAVA VENDENDO BEM? CLARO QUE PER
GUNTOU. ALGUMA VEZ O COMERCIANTE DISSE QUE
ESTÁ “TUDO AS MIL MARAVILHAS”?? CLARO QUE NÃO
HOJE ENTÃO NÃO É DIFERENTE! FALAM TANTO DA
“CRISE”.EXPERIMENTE TIRAR O S DA PALAVRA CRISE
E DEPOIS LEIA A PALAVRA.
QUE ISTO SIRVA DE LIÇÃO PARA OS PESSIMISTAS
E AOS “ESCUTADORES” DA MÍDIA
Ué? Nunca pensei que alguém em S. Paulo recuperasse roupas. Penso que uma cidade toda que critica o bolsa-família e odeia o PT, um dia se revelasse passar por dificuldades.