Cartunista da periferia de São Bernardo cria livro em quadrinhos sobre uso excessivo dos celulares
Aos 7 anos, Valter Luis Lopes aproveitava o trabalho do pai, Geraldo Lopes, o Seu Gê, 71, para ler revistas em quadrinhos. O pai foi dono de banca de jornal por quase duas décadas no Jardim Silvina, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.
Gibis como os da turma da Mônica, Disney, Ziraldo e os Trapalhões incentivaram o prazer de contar histórias do cotidiano na forma de desenho. Autodidata, como se define, Valter se tornou Walter Limonada, 43. Ele lançou recentemente o livro ‘Todo Mundo Quer Ir Pro Cel’, que aborda o uso excessivo de celulares.
A publicação tem o prefácio feito por Alessandro Buzzo, entre outros convidados. As tirinhas em quadrinhos dão ênfase a vários temas como o uso excessivo de celulares, nas ruas, transporte público e o comportamento das pessoas. “Os quadrinhos passam uma mensagem positiva de diversão, mas também de reflexão. Um olhar além do muro”, afirma.
A ideia da obra surgiu quando ele atuava no jornal impresso Boletim do Kaos, de Buzzo, em maio de 2013. Ele colocava alguns dos desenhos no Facebook e, com a repercussão nas redes sociais, resolveu fazer o livro, que é todo manual, pintado a lápis de cor.
O cartunista usou situações do dia a dia e o cenário da periferia. O fato do mundo digital ter tomado espaço de brincadeiras antigas que fizeram sucesso em sua infância, como bolinha de gude e carrinho de rolimã, também ajudou a pensar na história.
O artista sonha em ter uma revista em quadrinhos e ver suas histórias nos grandes veículos de comunicação. “Vendo o meu livro no boca a boca”, afirma. “As tirinhas com piadas e o dialeto atrai o público e o valor é acessível”, diz o cartunista.
Além de cartunista, o sãobernardense é compositor, rapper, escritor periférico e educador social no CEU Jabaquara e soma 23 anos de carreira com três 3 CDs e já havia publicado um livro de poesias e crônicas ‘Trocando umas Ideias e Rimando Outras’, de 2008. Ele divulga o trabalho em sua página do Facebook.
Kátia Flora, 34, é correspondente de São Bernardo do Campo
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