Crianças e adolescentes resgatam origens nordestinas em bairro da zona leste
“Paraíba, Pernambuco, Ceará, Bahia”. A lista de estados não faz parte de uma aula de geografia ou de um roteiro turístico, mas é um trecho da fala de abertura do videodocumentário Migra Ação, produzido por crianças e adolescentes da União de Vila Nova, na zona leste de São Paulo.
Com objetivo de resgatar e apresentar as origens nordestinas do bairro, o vídeo foi um dos trabalhos realizados no projeto Nordestiando, desenvolvido no Centro Social Marista Irmão Justino, da Rede Marista de Solidariedade, que atende crianças e adolescentes da região, de 0 a 15 anos, em atividades de educação, cultura e assistência.
Por meio da iniciativa constatou-se que 75% dos moradores da União de Vila Nova são de origem nordestina, principalmente da Bahia.
É o caso da família de Pedro Amorim de Sousa, 12. Nascido em São Paulo, o adolescente entrevistou sua avó, que é baiana como seus pais. Ele apresentou os vídeos na escola pública onde cursa o sexto ano do ensino fundamental.
“Eu sabia muito pouco sobre o bairro e entrevistei um dos fundadores. Nós crescemos muito com o projeto, foi emocionante a apresentação, teve gente que até chorou”, conta.
“Desenvolvemos projetos com os educandos no contra turno das aulas deles na educação básica, a partir de uma orientação democrática, com a qual eles são os protagonistas do conhecimento”, afirma o educador social Alan Paes Candeia.
Com o projeto, a instituição foi incluída no Mapa da Inovação e Criatividade na Educação Básica do Ministério da Educação e Cultura (MEC), e selecionada entre 419 organizações de todo o país como uma das 16 finalistas do Desafio Criativos da Escola, iniciativa do Instituto Alana.
Após o tema ser selecionado em assembleia junto com os pais, cerca de 80 crianças e adolescentes iniciaram a pesquisa sobre o processo migratório da região e a história de construção do bairro.
O trabalho foi feito com a visita dos participantes a estabelecimentos comerciais e residências, e os moradores foram entrevistados para falar sobre os lugares de onde vieram e a própria origem de suas famílias. Tudo foi registrado em vídeos gravados em aparelhos celulares.
Uma das participantes foi a estudante Mariane Lima dos Santos, 13, que nasceu em Pernambuco e com cerca de três anos de idade se mudou com os pais para União de Vila Nova. “Não temos muitas oportunidades de sair, usar o próprio celular, foi uma experiência nova”, conta, ao também revelar que o teatro é sua atividade preferida.
“É um orgulho transformar vidas e promover um espaço de educação democrática, valorizando nosso bairro, em contato com as pessoas que o construíram, os nordestinos”, relata o educador Alan, morador do Itaim Paulista, também de família migrante.
Os documentários do projeto Nordestiando podem ser conferidos em Migra Ação e em Que brincadeira é essa? –
Lívia Lima, 29, é correspondente do Jardim Nordeste em Artur Alvim, zona leste de São Paulo.
livia.mural@gmail.com
Parabéns pela iniciativa inovadora. Coisa simples, mas consistente e que se torna uma ferramenta aglutinadora. Precisamos de boas idéias e vontade, só isto….