Faltam calçadas na Ilha do Bororé, bairro do extremo sul de São Paulo

Agência Mural

“Sábado e domingo não presta para fazer caminhada”, diz Osvaldo da Cruz, 68, artesão. Ele mora na Ilha do Bororé, bairro do distrito do Grajaú, e faz caminhada uma hora por dia na estrada de Itaquaquecetuba. A ausência de calçadas em vários trechos da estrada faz com que Osvaldo e outros moradores, inclusive crianças, andem pela via entre os carros.

Osvaldo ainda conta que parou de caminhar aos fins de semana, porque os participantes de bailes funk dirigem em alta velocidade e fica mais perigoso andar pela via. “O pessoal daqui respeita, mas os que vêm de fora, não”, comenta.

A estrada de Itaquaquecetuba atravessa toda a Ilha do Bororé e liga a Balsa Bororé – conhecida como primeira balsa, no Grajaú, à Balsa Taquacetuba, responsável por fazer a travessia até o município São Bernardo do Campo. Além de problemas nas calçadas, a estrada não possui faixas de pedestres e semáforos em nenhum ponto dos 6 km de extensão.

O estudante Eric Silva, 21, chama atenção para duas questões na área de mobilidade: falta de fiscalização para impedir a circulação de carros em alta velocidade, “a lei seca só funciona até antes da travessia da primeira balsa”, e a dúvida de que se o fato de a Ilha do Bororé ser uma área rural impede a construção de passeios em toda a estrada.

A Ilha do Bororé é uma península localizada às margens da represa Billings e com resquícios da Mata Atlântica. Ela pertence à Área de Proteção Ambiental Municipal Bororé-Colônia (APA Bororé-Colônia), instituída em 2006. O documento de criação da APA não faz nenhuma referência à construção de calçadas.

Um Decreto de 2005 padroniza as calçadas da cidade de São Paulo. Já leis de 2008 e 2011, falam, respectivamente, sobre o plano emergencial de recuperação de calçadas públicas e obrigatoriedade da manutenção delas pelo responsável do imóvel. O Plano Diretor aprovado em 2014 também cita os cuidados que as calçadas necessitam para beneficiar a acessibilidade universal. Mas eles também não falam sobre a situação de calçadas em áreas de proteção ambiental na capital.

O Mural questionou a prefeitura sobre os motivos de não haver calçadas em trechos da estrada de Itaquaquecetuba. A Secretaria de Coordenação das Subprefeituras informou que integrantes da Assessoria Técnica de Obras e Serviços (ATOS) fariam vistoria na estrada na última semana de fevereiro para viabilizar a implantação dos passeios. Em março, o Mural questionou qual foi o resultado da vistoria, mas não recebeu retorno até o fechamento da matéria.

Priscila Pacheco, 28, é correspondente do Grajaú
@pricsp
priscilapacheco@agenciamural.com.br


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Comentários

  1. Falhas? A Ilha do Borore esta literalmente abandonada, isso sim! A exemplo de outros locais perifericos da cidade. a populacao e testemunha.

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