Bairros de Mauá formam grupos com foco em sustentabilidade
Minadabe Parra Lino, 30, decidiu deixar em 2011 de atuar na área de sistemas da informação para se dedicar ao cultivo de alimentos, em Mauá, na região do ABC na Grande São Paulo.
Em um espaço de 800m², o morador do bairro Jardim Sampaio Vidal transformou uma chácara com mais de dez tipos de frutíferas e hortaliças no coletivo Ideia Natural, no qual tem incentivado a economia solidária entre os moradores.
Os oito quilômetros que separam o bairro do centro do município não intimidam os interessados em aprender sobre alimentação orgânica. “Em nossas oficinas, recebemos cerca de 15 pessoas de diferentes lugares. Nosso foco é compartilhar conhecimento e a chácara é um espaço público”, conta Lino.
O projeto também atua de forma itinerante e a capacitação ocorre em eventos nas comunidades localizadas em Mauá.
Douglas Souza, 23, é um dos impactados pela ação. Vizinho da chácara Ideia Natural, o voluntário conheceu o coletivo pela internet, em 2013. “Me identifiquei com a proposta, pois geralmente as pessoas que compram um terreno nessa região modificam a característica natural e constroem um ambiente para aluguel de festas”, ressalta Douglas.
Com a participação no coletivo, ele já planeja cursar a faculdade de biologia.
Atualmente, o projeto se mantém pela venda dos alimentos cultivados, que, também, são transformados em receitas, como bolos e geleias. “O próximo passo é criar uma cozinha industrial. Também estamos em busca da formalização do coletivo para conseguirmos participar de editais”, diz Minadabe, que é presidente do Conselho Municipal de Economia Solidária.
Outro coletivo que também nasceu da iniciativa de mauaenses é o SustentABC. Com foco em educação ambiental, o projeto atua com a reutilização e reciclagem de materiais nas comunidades de Mauá.
Uma das mais recentes conquistas do grupo foi a entrada no Conselho Municipal de Economia Solidária, em agosto de 2015.
“A economia solidária está alinhada com o nosso objetivo de criar um sistema mais justo e menos capitalista, além de uma divisão igualitária dos recursos”, ressalta a idealizadora do SustentABC, Patricia Alves, 32. A renda é obtida pela venda dos objetos produzidos pelo coletivo por meio da reutilização.
Professora de ensino técnico ambiental, Luciana Siriani, 28, diz que decidiu participar para tentar ajudar o bairro. “Depois de conhecer um morador que revitalizava o manguezal de onde morava, comecei a me questionar o que eu oferecia para a sociedade, e, principalmente, para o local em que vivo”, afirma.
Laiza Lopes, 23, é correspondente de Mauá
laizalopes@agenciamural.com.br