Artistas transformam prédio abandonado em espaço cultural em São Miguel

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Agência Mural

Foi na agitada praça da estação Vila Mara/Jardim Helena da CPTM, no extremo leste de São Paulo, que artistas e coletivos culturais dos bairros de São Miguel Paulista e Itaim Paulista, encontraram um espaço para realizar suas atividades.

A Ocupação Cultural Casarão, como foi batizado o prédio no qual funcionava um antigo telecentro na rua São Gonçalo do Rio das Pedras, hoje abriga uma série de ações gratuitas como oficinas, saraus, apresentações artísticas e rodas de conversa.

A ideia de ocupar o espaço surgiu em janeiro de 2015 devido à localização estratégica do prédio e a sua situação de abandono, ao mesmo tempo em que os coletivos sentiam falta de espaços culturais na região.

“Muitas vezes não encontramos o espaço que gostaríamos numa instituição pública. Não temos a liberdade de agir e de organizar as coisas como gostaríamos, as ações vêm de cima para baixo”, afirma a a produtora cultural e artesã Samara Silva Oliveira, 28, integrante do Sarau O Que Dizem Os Umbigos?

“É por essa razão que os coletivos, como os Saraus, procuram realizar suas ações na rua, em bares ou em espaços independentes”, ressalta.

Local recebe saraus
Casarão recebe saraus (Foto: Gustavo Soares/Folhapress)

A ocupação começou com a participação de mais quatro grupos: Buraco d’Oráculo, Coletivo Marginaliaria, Movimento Aliança da Praça (MAP) e  Slam Função, mas o espaço é aberto e outras iniciativas tem se aproximado.

Em 2012, o distrito do Jardim Helena não possuía nenhum centro cultural, casa de cultura ou espaço público dedicado a cultura, de acordo com os dados do observatório da Rede Nossa São Paulo.

Já o diagnóstico realizado pela Fundação São Paulo, com dados mais recentes, que serviu para embasar o Plano Municipal de Cultura, não traz informação distrito a distrito, agregando os dados por subprefeitura. A de São Miguel Paulista, que compreende os distritos de São Miguel, Jardim Helena e Vila Jacuí, dispõe de oito espaços culturais, segundo o levantamento da Fundação.

Mesmo assim, a presença de espaços públicos de cultura nas adjacências do distrito não soluciona as demandas da comunidade.

Hoje, o espaço é gerido de maneira autônoma pelos ocupantes, que organizam o calendário de atividades coletivamente, sem receber nenhuma forma de apoio financeiro do poder público.

 

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Prédio começou a ser utilizado em 2015 (Foto: Gustavo Soares/Folhapress)

Contudo, na avaliação dos grupos culturais, ao mesmo tempo em que preserva a autonomia e protagonismo dos coletivos, também isenta o poder público da responsabilidade que tem sobre espaço e sobre a cultura na cidade.

“Não estamos ocupando para retirar responsabilidades do poder público, gostaríamos de uma gestão compartilhada, no sentido de apoiar as ações e manter o espaço sem que isso implique em perdemos nossos direitos de realizar as atividades” acrescenta Samara.

As atividades oferecidas podem ser encontradas na página da Ocupação Cultural Casarão no Facebook.

Gustavo Soares, 23, é correspondente de São Miguel Paulista.
gustavosoares.mural@gmail.com

 

Comentários

  1. Correção:

    O nome da rua é São Gonçalo do Rio das PEDRAS *.. e não flores.

    Ótima matéria. É bom valorizar e incentivar projetos como esse na nossa região.

  2. Gostei muito da matéria, obrigada ao jornalista Gustavo Soares que escreveu e participou das atividades do espaço. Forte abraço! A quebrada sendo escrita pela quebrada, isso é lindo demais 🙂

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