Cerca de 100 líderes comunitários de São Miguel Paulista, na zona leste da capital, começaram há um ano a planejar um debate para ouvir as ideias dos candidatos a vereador com origem no bairro. Na última semana, ocorreu o primeiro encontro que reuniu cinco concorrentes a uma vaga na Câmara e outros dois eventos estão marcados.

O debate foi promovido na sede distrital da Associação Comercial de São Paulo e os primeiros selecionados foram moradores da região que nunca foram eleitos. Muitos deles foram assessores de parlamentares ou cabos eleitorais de algum político no passado.

Os temas variaram entre mobilidade urbana, escolha do subprefeito, orçamento, horário das creches, saúde, educação, cultura, esporte, entre outros.

Uma das questões mais comentadas foi a falta de um projeto para substituir um pequeno viaduto que liga os distritos de São Miguel ao Jardim Helena.

“O que está lá é muito pequeno e foi construído em 1935. Hoje é um gargalo no trânsito de São Miguel”, afirma o candidato José Velucci (PSD), que elenca cobrar o projeto de um novo viaduto como sua prioridade se eleito. Empresário, ele mora no bairro desde 1964.

Dividido em nove blocos, houve perguntas sorteadas pelo público, feitas por associações, entidades de classe e entre os próprios candidatos.

Empresário no ramo da construção civil e morador do jardim Helena há 40 anos, Leandro Braga (PSDB), aponta o horário das creches como um dos principais problemas. “Muitas mães saem às 5h para trabalhar e a creche começa a funcionar às 7h. Minha sugestão é abrir às 5h ou 6h e fechar após às 18h. Também incentivarei o transporte infantil”, diz.

“Se tivermos projetos bacanas para a região vamos buscar recursos. A nossa emenda parlamentar é de R$ 12 milhões pelos 4 anos e vamos destinar todas aqui para São Miguel”, alegou o músico e candidato Ivaldo da Silva, o Silvinho Silva (PROS).

O pedagogo  José Luiz Zanini (PV), morador do bairro desde 1959, afirmou que será necessário avaliar a queda na arrecadação. “Dos R$ 55 bilhões [esperados] a Prefeitura só arrecadou R$ 44 bi em 2016. Às vezes fazemos projetos, aprovamos e não tem verba. Temos que adequar o projeto dentro do orçamento disponível. Sem dinheiro é difícil”.

O advogado Luiz da Silva (PSL), morador desde 1965 em São Miguel, defendeu a profissionalização de jovens que vendem doces no semáforo. “A região está em completo abandono. Nossa ideia é capacitar e ao terminar o curso o jovem já sai com emprego garantido. Queremos dar uma bolsa auxílio para o jovem se dedicar aos estudos”.

A região ainda sediará mais dois debates. O próximo também será na sede distrital da Associação Comercial de São Paulo em São Miguel na quinta-feira (22), às 19h, e contará com candidatos da zona leste. O segundo será no auditório da Universidade Cruzeiro do Sul na sexta (23), às 19h, com a presença de vereadores que tentam a reeleição e são atuantes na região.

“Tenho 40 anos de extremo leste e sentia falta disso. É a verdadeira democracia acontecendo aqui. Tá certo que faltaram temas, como a segurança, mas como é o primeiro, está valendo o debate”, avalia o ativista cultural José Anito Esteves Pereira, 58, morador da Vila Cidade Nova São Miguel.

Todos os debates são organizados por grupos de lideranças do WhatsApp de São Miguel e Zona Leste.

Vander Ramos, 56, é correspondente do Itaim Paulista
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