‘Quero criar a SPFW da Periferia’, sonha jovem estilista de Paraisópolis
Sabe o ditado que diz que o céu é o limite? Alex Santos, 26, morador de Paraisópolis, segunda maior favela de São Paulo, facilmente trocaria o céu por CEU (Centro Educacional Unificado). Na manhã desta quinta-feira, dia 27, o jovem esteve no CEU Casa Blanca, também na zona sul da capital paulista, para assistir à grife do rapper Emicida, apresentada na São Paulo Fashion Week.
Enquanto a grande parte do público aguardava ansiosa pela aparição do cantor, Santos contava os minutos para trocar ideia com Paulo Borges, o criador da SPFW.
“Depois do evento, conversei com ele. Comentei do projeto que criei, inspirado nos desfiles que aconteceram há dois anos no CEU Meninos [também na zona sul]”, afirmou o idealizador do PIM (Periferia Inventando Moda).
Segundo ele, o projeto surgiu pela falta de representatividade da periferia no maior evento do gênero da América Latina. Graduado na área, Santos não passou apenas a criar figurinos, como também a dar aulas gratuitas que vão de figurino e passarela a técnicas de maquiagem.
“Eu disse para o Paulo Borges que um dia espero chegar no patamar da SPFW. Ele me respondeu que tudo pode acontecer. Isso já um bom sinal”, diz o jovem, que planeja ir além. “Estou estudando a possibilidade de criar a Semana de Moda na Periferia. Uma SPFW da quebrada, onde os estilistas possam mostrar seus talentos”.
Santos inclusive vem celebrando os frutos do seu talento. Para o desfile da grife de Emicida, contou até com poltrona reservada na primeira fileira pela gestão do centro educacional. Tudo estaria perfeito, diz, se não fosse uma situação desagradável.
“Um dos organizadores do SPFW pediu para sairmos dos lugares porque estavam reservados. Não perguntou quem éramos e disse que não podíamos ficar lá. Saímos do lugar. Comuniquei à gestora do CEU, que falou com o Paulo Borges e então voltamos para lá”, comenta.
No final do evento, conta Santos, ele e sua equipe do projeto foram convidados a ir ao backstage, onde foi apresentado ao Emicida, com quem conversou e tirou fotos. “Ele me disse ‘Ah, então são vocês do Periferia Inventando Moda’? Ele já conhecia nosso trabalho”, diz, ressaltando ainda a importância da grife e dos modelos.
“Pude ver muitas pessoas negros, plus size, com vitiligo. Uma mistura de etnias e gêneros. Claro, porque o Emicida é famoso. Mas representou, me arrepiei do início ao fim”, afirma Santos.
Apoio familiar
De acordo com ele, se no início do projeto sua família acreditava que seu sonho estava mais para devaneio, agora ele respira mais aliviado. Ou quase. “Antes minha mãe não me apoiava. Agora ela está em cima do muro. Já meu pai tem tido mais tempo para ir aos meus eventos, depois que ficou desempregado. Me diz que tenho futuro, que está muito orgulhoso de mim”.
Com empresa aberta e em fase de criação de uma marca e até peças comerciais, Santos vislumbra as passarelas da fama, sem deixar de lado os becos e as vielas de Paraisópolis. “Em breve, quero criar uma loja física na comunidade. Ter meu espaço e nunca me esquecer de minhas raízes”, sonha ele que, nos dias 16 e 17 de novembro, realiza a quinta edição do Periferia Inventando Moda, na Ação Educativa, na região central.
Vagner de Alencar, 29, é correspondente de Paraisópolis
vagnerdealencar.mural@gmail.com
Olá,
Li esta matéria e me interessei pelo projeto.
Gostaria de poder ajudar dando aulas de maquiagem caso necessitem pois sou maquiadora profissional.
Moro bem perto da paraisópolis.
Ficaria muito contente em poder entrar em contato com o Alex.
Segue o meu site: http://www.deahventura.com
Meu insta: @makebydeah
Obrigada,
Andrea
Alex santos Ele é um guerreiro e está parabéns trabalho maravilhoso e lindo oportunidade linda pra os jovens.