Cabeleireiro aposta em música e corte ‘realístico’ para conquistar clientes em Santo André
Na Jel Barbearia o último corte do jogador do Barcelona Neymar não vingou. Por outro lado, Messi fez sucesso entre os clientes ao descolorir o cabelo e é um dos pedidos de quem frequenta o espaço que fica em Santo André.
Além de acompanhar a tendência de atletas famosos, o salão usa música e o corte ‘realístico’ para ampliar a clientela no ABC.
O trabalho do pernambucano Jefferson da Silva Melo, 30, o Jel, começou como hobby. Natural de Vitória de Santo Antão ele veio para a cidade da Grande São Paulo com cinco anos de idade. Ainda adolescente, começou a cortar o cabelo de amigos no jardim Santo André.
Ele atuou na área industrial, mas foi obrigado a deixar a função de batedor de pneus, após sofrer um acidente. Afastado por cinco anos, se especializou nos cortes e chega a ganhar cinco vezes mais do que a antiga função. “Adoro mexer com a estética”, diz. “Não é só você apresentar para o cliente um novo corte, às vezes é fazer o que ele está acostumado a fazer bem feito, ouvir o que ele quer”, explica.
Para alavancar o negócio, ele personalizou o pequeno espaço. Uma das paredes é reservada para que os clientes pichem. Na outra, um barberpole, símbolo dos barbeiros, foi feito com material improvisado.
Os cabeleireiros também usam roupa social e combinam com acessórios como gravata borboleta e suspensório. Além disso, ele aposta na música. O som das caixas toca música negra americana que vão do rap de 2PAC e Snoop Dog ao blues de Ray Charles.
“Numa empresa, a gente se arruma bem para ir trabalhar, aqui não é diferente. A música deixa um clima amistoso e atrai o pessoal mais velho”, reforça.
“Hoje [o preço] é à disposição do cliente”, brinca, quando sabe que fez um excelente trabalho. “A confiança está na certeza de que nós caprichamos”, completa. No geral, cobra R$ 18 pelo corte de cabelo com detalhe à navalha, barba R$ 10, e a sobrancelha R$7. O pacote sobrancelha e corte simples fica R$ 15.
O preço não está fora da média de outras barbearias da região e ele diz não sentir os efeitos da crise econômica. “Meu negócio tem crescido, antes eu trabalhava sozinho e por não conseguir atender todos foi preciso contratar alguém”, conta.
CORTE REALÍSTICO
Jel domina o desenho capilar realístico, técnica que consiste em reproduzir uma figura com cortes minuciosos como imagens de pessoas, de animais, personagens como o Quico, do seriado Chaves, que fazem a cabeça da garotada e dos adultos também.
A máquina utilizada tem que ser específica e custa no mercado em torno de R$ 500. Ele cobra R$ 50 no corte com esse tipo de desenho. “Vi que muita gente não fazia esse corte na periferia. Coloquei mais para divulgar o salão, mas continuei porque faz uma diferença no orçamento.”
As redes ajudam a divulgar o trabalho. Um vídeo produzido por eles, postado na página do salão no Facebook, tem 75 mil visualizações e mostra Jel desenhando personagens do programa MasterChef.
“A internet ajuda a divulgar nosso trabalho, o próprio cliente puxa da internet ou desenham no papel e trazem para gente ver”, afirma Matheus Henrique Silva de Moraes, 20, ou Tchula, funcionário que também começou cortando o cabelo dos amigos.
O empreendedor abriu, há um ano, uma escola de formação para futuros barbeiros no bairro e pretende ampliar a barbearia. Na busca por novidades, tem participado de edições da Batalha de Barbeiros, em São Paulo.
“Minha intenção não é ser qualquer barbeiro, mas um barbeiro que participa das batalhas, que ganha prêmios. Lá tem workshop de técnicas. Isso acaba sendo um diferencial e fico conhecido. Quem não é visto não é lembrado”.
Fabiana Lima é correspondente de Santo André
fabianalima.mural@gmail.com