Campanha quer ajudar empreendedora de Poá que sofre preconceito dez anos após cumprir pena

Agência Mural

Virgínia Rodrigues Pereira, 44, mora na cidade de Poá, na Grande São Paulo, e dribla o preconceito no mercado de trabalho vendendo os salgados que faz em sua própria casa. Lutando contra o estigma relacionado a quem já passou pelo sistema carcerário, desde que saiu da prisão ela é empreendedora e tira disso a renda para o sustento de sua família.

Após enfrentar um cisto hemorrágico e a morte do pai, incluindo a falta de recursos, Virgínia encontrou dificuldade em manter o empreendimento em 2017. No entanto, de um contato para gravação de conteúdo na internet nasceu uma amizade que trouxe a saída para o problema de Virgínia: uma “vaquinha” online para arrecadar dinheiro e ajudá-la a curto prazo.

“Nosso primeiro contato com a Virgínia foi para a pré-produção do sétimo episódio da websérie ‘Nossa História Invisível’, conta Karoline Maia, moradora do Jardim Helena, zona leste da capital paulista.

Junto com Agnis Freitas, Camila Izidio e Carol Rocha, ela produz um vídeo que busca contar as histórias de mulheres negras que são marginalizadas na sociedade. Em breve, o episódio sobre Virgínia será lançado no canal do projeto no YouTube.

Reprodução-Karoline Maia
Virgínia busca ajuda para voltar a fazer seus salgados (Divulgação)

A campanha “Vaquinha para a Vivi Salgados”, ganhou evento no Facebook e vídeo de divulgação, com a meta no valor de R$1.840. O dinheiro arrecadado será investido em material para a produção dos salgados. As doações estão sendo feitas por meio do site “Vakinha” e as contribuições são a partir de R$ 20. Aberta desde dezembro de 2016, a campanha segue até 31 de janeiro.

“Ela é uma mulher muito boa e com muito prazer estamos tentando dar uma força para ela. O valor é baixo e precisamos bater a meta. Vai ajudá-la a dar um pontapé e tocar o negócio em 2017”, explica Karoline, em entrevista ao Mural.

Virgínia faz encomendas de kibe, coxinha, bolinho de queijo, bolinho de carne, pastel e também trabalha com vegetais para quem não come carne, utilizando recheios com espinafre e escarola com queijo. Os salgados são feitos com massa de mandioca, mandioquinha e batata (uma massa mais leve).

“Eu sempre busquei emprego, mas me dispensavam. O mercado de trabalho tem preconceito de todos os lados, pela cor, classe social e pelo processo que eu passei [sendo ex-presidiária]”, desabafa Virgínia. Em 2004 ela foi acusada de participar de um assalto e então condenada a cinco anos de prisão. Cumpriu toda a pena e afirma ser inocente.

Vinda de Ilhéus, na Bahia, a cozinheira é de uma família acostumada a fazer “bicos” e a nunca ficar parada. Foi no projeto Recomeçar, de uma ONG poaense, que desabrochou a ideia de ser empreendedora.

Em junho do ano passado ela recebeu seu certificado do curso profissionalizante em que aprendeu como administrar um próprio negócio. A iniciativa foi feita juntamente com o projeto “Rexista”, dos estudantes da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

E ela não quer parar por aqui. “Sonho em fazer faculdade de Direito, pelo que sofri, pois não tinha quem me defendesse”, diz a moradora, que quer seguir essa carreira para ajudar pessoas mais pobres.

Serviço (Vivi Salgados)
O pacote com 100 salgados custa R$ 45 (congelados) e R$ 70 (fritos), já o preço por unidade é R$ 1. Para encomendar o contato é pelo telefone (11) 4638-0445 ou celular (11) 9 7433-8220 (WhatsApp).

Tamiris Gomes é correspondente de Poá
tamirisgomes.mural@gmail.com

 

Comentários

  1. Ela “admite ser inocente”. Mas pegou 5 anos de cana. Na verdade foi condenada por crime hediondo e covarde que participou porque quis. Não existe ex assaltante.

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