Cidades comemoram aniversário de período que reconfigurou Grande São Paulo
Neste domingo (19/2), Osasco comemora 55 anos desde que se tornou uma cidade. No mesmo dia, Taboão da Serra festeja 54. Ontem (18) foi a vez de Cajamar, Embu das Artes e Itapevi e até abril outros 16 municípios da Grande São Paulo também comemoram mais um aniversário.
A proximidade, apesar de não ter uma conexão direta, ilustra uma reconfiguração da região metropolitana da capital que durou 20 anos e triplicou o número administrações, segundo a Fundação Seade.
Até 1944, havia apenas 11 cidades na região. Mogi das Cruzes, Santana de Parnaíba, Santa Isabel, Salesópolis, Cotia, Itapecerica da Serra, Guarulhos, Santo André, Guararema e Mairiporã, formavam o cinturão ao lado da capital.
Porém, todas elas se fragmentaram. Movimentos pela autonomia se espalharam por várias regiões e fizeram com que a Grande São Paulo, depois de 1964, passasse a ter 37 municípios. Outros dois seriam criados nos anos 1980 a 1990, fechando a lista atual de 39.
Segundo um estudo do Senado, entre os motivos apontados para o salto estava a expectativa com a distribuição de recursos do Governo Federal, com a criação do Fundo de Participação dos Municípios, em 1946, além do aumento da população.
A região acompanhou o país que entre 1940 a 1970 teve um acréscimo de mais de 2 mil cidades (alta de 151%).
É justamente no ano em que Osasco conquista sua autonomia o momento em que mais cidades também tiveram aprovadas sua emancipação na região metropolitana. Ex-distrito de São Paulo, os osasquenses se tornaram um município oficialmente em 19 de fevereiro de 1962. Porém, o direito foi aprovado três anos antes, em 1959, após o plebiscito de 1958.
No mesmo ano, outras oito localidades conseguiram a aprovação de seus moradores, caso de Diadema, que pertencia a São Bernardo do Campo – a mesma que havia se emancipado em 1944 de Santo André. Caso também de Itapevi que comemorou seu aniversário neste sábado (18), da sua autonomia de Cotia.
Havia um prazo de cinco anos entre os pedidos de emancipação. Os osasquenses vetaram o pedido de autonomia em 1953 e só aprovaram na segunda tentativa, cinco anos mais tarde.
No entanto, as votações para tornar os distritos cidades nem sempre foram pacíficas.Os osasquenses tiveram de brigar na Justiça contra a Prefeitura de São Paulo, que questionava a votação do plebiscito.
A briga pela emancipação começou com o argumento de que a administração central não atendia a região, considerada periférica, mesmo com indústrias que impulsionavam a arrecadação.
Após 1959, a nova onda veio em 1964. No ano em que o Brasil sofreria um golpe militar, nasceram Carapicuíba, Jandira, Embu-Guaçu, Juquitiba e Rio Grande da Serra. A partir daí, porém, houve uma freada na liberação de novas cidades.
A lista da Grande São Paulo só chegaria ao que conhecemos hoje em 1991, quando São Lourenço da Serra também se emanciparia de Itapecerica da Serra, cidade que foi desmembrada em outras cinco.
É possível ver todos os desmembramentos do estado de São Paulo, neste trabalho da Fundação Seade, do Governo do Estado.
Paulo Talarico é correspondente de Osasco
paulotalarico.mural@gmail.com
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