Movimento cultural de Osasco, Nós de Oz debate luta das mulheres e faz mural sem machismo
Como as mulheres lidam com a dupla jornada de trabalho? O cuidado das crianças deve ser só da mulher? É preciso discutir sobre o feminismo?
Com a intenção de refletir sobre essas e outras questões, o primeiro Encontro Mulheres de Oz Empodera! reuniu cerca de 50 mulheres na última semana, na sede do Coletivo Nós de Oz, no centro de Osasco, na Grande São Paulo.
Fundado há três anos por artistas da cidade, o Nóz de Oz é um coletivo que quer ampliar o diálogo e a participação política e cultural em Osasco.
“Acreditamos que através da mudança cultural conseguiremos fazer todas as transformações necessárias para uma sociedade mais justa, mais igualitária e menos sexista”, conta a jornalista Cintia Sales, 27, uma dos fundadores do grupo.
Nas reuniões dentro do coletivo, surgiu a iniciativa de buscar a participação da população nas discussões sobre o feminismo, dialogar com as mulheres de diferentes bairros de Osasco e promover debates permanentes sobre o tema.
“É preciso contar a história de luta das mulheres que, geralmente, não aparecem. Quando vemos a história que aprendemos na escola, é uma historia que exclui, que joga a luta das mulheres na lata do lixo”, afirmou a professora de história Cecilia Martinez.
“A vida é cercada pela diferença e pela diversidade e temos que nos formar e formar nosso entorno para isso”, ressaltou.
Durante o encontro foi criado o mural ‘sem machismo’, em uma parede na entrada do coletivo, com jograis e imagens de personalidades do movimento feminista, como Frida Kahlo, a líder quilombola Teresa de Benguela e a ativista paquistanesa Malala Yousafzai.
As participantes também criaram adesivos a partir do tema empoderamento feminino, em uma oficina de stickers. “É um adesivo de rua fácil de colar e escrevemos o que queremos. Saímos por aí fazendo ações de manifestações e protestos pela cidade”, explica Cintia.
Além de Cecilia, o debate teve a participação de Maria da Paixão de Jesus, membro do Nós de Oz e de outros movimentos osasquenses e Maria Luiza da Costa, assessora da secretaria Nacional da Mulher Trabalhadora da CUT.
Durante pouco mais de uma hora, as palestrantes falaram sobre o papel da mulher na sociedade sob diferentes aspectos, seu protagonismo em importantes lutas e a importância de tornar públicas suas histórias.
Moradora do bairro Bela Vista, Maria da Paixão de Jesus, 65, conta que já palestrou em diferentes lugares, mas em sua cidade foi a primeira vez.
“Fico emocionada porque a gente faz parte dessa história. Precisamos fortalecer”, conta, ressaltando o crescimento do movimento. “Há 20 anos, nós éramos duas mulheres na luta e hoje nós estamos todas aqui em Osasco. É maravilhoso”.
Ariane Costa Gomes é correspondente de Osasco, na Grande São Paulo
arianecgomes.mural@gmail.com