Sem aulas em 2017, alunos temem fechamento de Centro Audiovisual em São Bernardo
O editor de vídeos Mauro Júnior, 27, estava perto de concluir o curso de audiovisual. Com as atividades que fez em São Bernardo, na Grande São Paulo, ele produziu um curta-metragem e ficou em segundo lugar no Festival de Curtas de Direitos Humanos com o filme Entre Todos, além de se classificar em um edital do Museu Imagem e Som (MIS) Núcleo Experimental, no ano passado.
Porém, o editor tem uma preocupação desde o começo do ano. As aulas não foram retomadas e ainda não há uma previsão para as 700 pessoas que utilizam o Centro de Audiovisual (CAV) da cidade, após problemas com a empresa que tinha a concessão do espaço.
“O curso tem me garantido trabalho com o portfólio e ajuda dos docentes. Porém a espera é angustiante. Tenho medo do curso ser sucateado devido aos cortes, e não aproveitar o máximo possível”, afirma.
As aulas estavam previstas para fevereiro. A prefeitura rompeu o termo de concessão com a Telem S.A. na segunda-feira (4). A administração alega que a empresa, que levou a concessão por 30 anos num edital em agosto de 2015, não cumpriu com os projetos firmados com a gestão anterior, como a revitalização do Pavilhão Vera Cruz e um setor audiovisual onde seria instalado CAV.
O processo seletivo para nova turma com cerca de mil candidatos inscritos, foi cancelada no dia 8 de fevereiro, três dias antes da prova. Houve casos de pessoas que vieram de outros estados, como Alagoas e Paraná, e só foram informados no dia que não haveria o teste.
O fotógrafo Noel Filho, 32, é ex-aluno do CAV. Ele conta que no período viu professores e funcionários sendo demitidos e que não receberam a rescisão contratual.
Além disso, o prédio não oferece condições adequadas para as aulas, tem infiltrações, rachaduras e poucos equipamentos disponíveis. “Tenho receio que possa ser fechado e o projeto não continue”, afirma.
Criado há cinco anos, o Centro Audiovisual atende cerca de 700 alunos, divididos em três períodos manhã, tarde e noite. Por volta de 300 se formaram. A duração do curso é 1 ano e meio, com aulas são de segunda a sexta feira.
O aluno Daniel Graf criou um abaixo assinado junto com outros alunos para que a prefeitura mantenha o Centro Audiovisual funcionando. Com o apoio das redes sociais com a #forçacav, mais de 1.900 pessoas assinaram para fortalecer a causa.
Em nota, o prefeito Orlando Morando afirmou no início desta semana que oficializou a rescisão de contrato com a Telem S A, que previa a concessão por 30 anos do Pavilhão Vera Cruz e do CAV. “Com o Centro Audiovisual, vamos fazer um chamamento público e no prazo mais rápido possível, as aulas serão retomadas”, alegou.
A atriz e ex-aluna Mariana França criou o documentário Clausura que foi selecionado no mês de março para Terceira Amostra de Cinema Feminista em Belo Horizonte, e também foi contemplada para participar do projeto Janela Aberta do Centro Cultural Vergueiro que será no dia 18 de abril.
Ela lamenta o momento vivido pela entidade em um momento de dificuldades econômicas no país.
“O CAV é uma fonte de criação de empregos para jovens que gostam da área de audiovisual. Se for fechado, a cidade perde a oportunidade de voltar a ser referência no cinema nacional”. O Mural não conseguiu contatar os responsáveis pela Telem.
Kátia Flora é correspondente de São Bernardo
katiaflora.mural@gmail.com
Encerrar um Centro de Educação e Cultura com ênfase em Audio Visual é um enorme retrocesso e desprezo das Autoridades de Estado nas esferas de Administração. Passou 5 anos, há um contrato concessão interrompido, parece não haver um substrato distrato, penso que além de a baixos assinados há TB acionar MEC Secretaria Estadual Municipal e pedir soluções qto parcerias.Torço e louvo,mas não deixemos fechar Escolas e campo de atuação técnica é amplo