Grupo de rap na zona norte aposta em letras leves e em ‘informação para não se alienar’
Formado por Willison Medeiros (Willie), 23, morador do bairro Zaki Narchi, Victor Hugo, 23, da Vila Albertina e Higor Augusto (Higão), 23, do Jardim Tremembé, o grupo OutroSons tem buscado seu espaço no cenário musical do rap, com a aposta em letras leves para tratar da juventude negra.
Idealizado por Higão, o trio da zona norte paulistana surgiu do coletivo de eventos Outro Planet em 2016 a partir de um sonho que não saía do papel e passou a ser o motor da vida desses jovens.
Apaixonados pelos sucessos de rappers como Racionais, Sabotage, Facção Central, Emicida e algumas vertentes da MPB, eles têm buscado uma proposta diferente para conquistar seu espaço.
“Nós passamos a informação de uma forma divertida e dançante para que as pessoas recebam de uma maneira positiva as questões do negro e do jovem da periferia e o que passamos”, diz Higor.
Em uma das, músicas, por exemplo, o grupo cita a importância da comunicação para o crescimento.
“É a evolução que está a chegar / Busque informação para não se alienar / Esforce, busque, lute, essa é nossa missão / Ideia, repertório e debate de montão”, diz o trecho da música Evolução. “Se você não fizer por você, ninguém vai fazer”.
Para dar um empurrão no projeto que até então não tomava formas, no ano passado Victor decidiu dar o pontapé inicial e começar a compor músicas que acabaram impulsionando os demais.
“Estava cansado dessa faladeira e em um dia comecei a escrever um som sobre a minha vivência e sobre o que os negros passam, a inserção deles no mercado de trabalho. Então, decidi soltar o som para ver o que as pessoas iriam falar”, conta Victor.
PRIMEIRAS MÚSICAS
Com um retorno positivo sobre as letras, o grupo resolveu se empenhar de vez e dar vida ao OutroSons em meados de 2016, com o primeiro single “Papo de Ex”, gravado em outubro. Dois meses depois, eles lançaram “Vamos Viajar” com a participação de Pamela Letícia, e gravaram um cypher chamado “Tô no Jogo”.
Os primeiros passos, porém, tiveram dificuldades. Eles brincam com o primeiro cachê que receberam: um cachorro-quente e uma garrafa de Catuaba.
No início deste ano, a música “Evolução”, gravação solo de Hugo, deu maior visibilidade ao coletivo e, a partir daí, surgiram mais convites para shows e participações especiais.
Até o momento, eles já fizeram quatro shows em locais como o Centro Cultural de Jovens (CCJ), na Cachoeirinha, durante o Festival Selo.
Até o final de 2017, o grupo está com shows marcados pela região e prevê mais uma série de novos projetos, como a gravação de mais um clipe e o lançamento do primeiro disco (EP) do OutroSons.
“Estamos trabalhando bastante e já estão nos reconhecendo, por mais que sejamos caras novas no rap e com apenas quatro músicas, temos reconhecimento e estamos sendo chamados para participações e fazer shows. Estamos acumulando uma bagagem incrível e isso é muito bom para nós”, conta Willison.
Karina Oliveira é correspondente da Vila Ayrosa