Exposição fotográfica mostra a relação da periferia com a TV, na Cachoeirinha
Até a próxima terça-feira (30), a exposição fotográfica “Transição Digital – a relação da periferia com a TV em São Paulo” está aberta na Fábrica de Cultura Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte.
As imagens são do DiCampana Foto Coletivo, grupo formado por quatro fotógrafos e uma fotógrafa, moradores de bairros da zona sul de São Paulo.
Com a chegada do sinal digital de televisão, o coletivo buscou retratar a maneira como as pessoas da periferia se relacionam com o aparelho. Por questões econômicas, muitas famílias ainda possuem TV de tubo e não investem em uma que possua o conversor de sinal, do analógico para o digital, que custa em torno de R$ 1 mil. A partir disso, nasceu a pesquisa fotográfica.
Essa é a primeira exposição do DiCampana. A proximidade dos fotógrafos com seus bairros facilitou a abertura para adentrar nas casas das pessoas. “Isso deixou a gente mais à vontade para produzir bem, com calma e com tempo”, afirma o fotógrafo Léu Britto, integrante do coletivo.
Laís Sousa Santos, 19, abriu as portas do seu lar para ser fotografada e pode se reconhecer nas fotografias em sua primeira ida a uma exposição.
“Estamos vendo hoje e daqui alguns dias virão outras pessoas para verem a mesma foto e também vai para vários lugares. Ficou show de verdade”, afirma, ao saber que sua imagem foi uma das selecionadas no projeto.
“O coletivo está engajado nisso, em sempre retratar a periferia, o outro lado, não o lado violento que só tem droga, crime. Tem muitas outras coisas: tem cultura, saraus, festas voltadas para outras coisas que não é só a violência”, explica Weslley Tadeu, 20, integrante do DiCampana e que começou a fotografar a partir de um curso básico em um projeto social.
Para ele, uma imagem pode dizer muitas coisas. “Eu tento, com meu registro, mostrar para a pessoa algo que ela vai ficar pensando como é aquilo, como foi feito, como é a vivência. Gosto desse lado do ‘por que’”, conta.
Os autores enfatizaram a importância do desenvolvimento conjunto. “A questão é essa: a gente é tudo autodidata, com câmera usada que comprou em 4 vezes”, conta Britto.
“Estamos constantemente em formação. Estar em coletivo é melhor porque às vezes a gente ficava pedindo dica um para o outro, e agora diariamente a gente consegue trabalhar nosso olhar e ter esse aprendizado de várias formas”, completa.
Antes de chegar na Nova Cachoeirinha, a exposição estreou em uma galeria na Vila Madalena e, em breve, passará por outros espaços de São Paulo antes de rodar o Brasil.
SERVIÇO:
Transição Digital – a relação da periferia com a TV em São Paulo
17 a 30 de maio. Terça a sexta das 9h às 17h Sábado e domingo das 9h às 17h
Fábrica de Cultura Vila Nova Cachoeirinha. Rua Franklin do Aamaral, 1575 – V.N. Cachoeirinha – São Paulo – SP
Karol Coelho é correspondente do Campo Limpo
karol.mural@gmail.com