Biblioteca Comunitária fecha as portas no Valo Velho

Agência Mural

Localizada dentro de uma pequena sala, atrás da Paróquia São Francisco de Assis, no Valo Velho, zona sul de São Paulo, a Biblioteca Comunitária Espaço Jovem Alexandre Araujo Chaves (EJAAC) vive um momento delicado em sua história. A partir desta segunda-feira (29), o espaço fecha as portas após 21 anos de atuação na comunidade.

O comunicado de fechamento ocorreu em dezembro de 2016, quando a Cúria Diocesana do Campo Limpo alegou desconhecer o funcionamento de uma biblioteca comunitária na paróquia e que estava preocupada com futuros processos trabalhistas em razão de uma colaboradora trabalhar durante a semana no projeto sem vínculo empregatício.

Jair Pires de Borba, 43, um dos idealizadores do projeto diz que tentou dialogar com a Cúria Diocesana para reverter a decisão. “Apresentamos prestação de contas de tudo o que o projeto fez  até o momento e a ideia de montarmos uma associação para isentar a igreja de qualquer responsabilidade, mas nos foi negado”, acrescenta Borba.

Jair Pires de Borba um dos fundadores da Biblioteca Comunitária EJAAC  (Foto: Dalton Assis)

Criada em março de 1996 por um grupo de jovens da Pastoral da Juventude nos fundos de uma casa paroquial, e há 9 anos ocupando uma sala atrás da Paróquia São Francisco de Assis, a EJAAC já beneficiou durante todos esses anos  milhares de crianças e jovens entre 7 e 21 anos na comunidade.  O espaço disponibiliza empréstimos de livros, computadores com acesso à internet para trabalhos escolares, brinquedos para as crianças se divertirem, além de atividades culturais como contação de estórias, oficinas de fotografia, poesias e saraus.

“Esta biblioteca é mais do que um espaço de livros, é um local de convivência no qual as crianças vêm para se divertir e ter contato com a cultura por meio dos livros”, conta Jair Pires.

Já o voluntário Maikon Vasconcelos Oliveira, 30, que está há mais de 10 anos no projeto, vê como uma realização pessoal o trabalho desenvolvido aqui. “Cresci nesta comunidade, fiz catequese, estive em grupo de jovens e, hoje, quero dar continuidade a isso, ajudando meu bairro de alguma forma, estando na biblioteca, doando meu tempo para ajudar o próximo e participando da evolução deste projeto”, conclui Oliveira.

O Blog Mural entrou em contato com a Cúria Diocesana e até o fechamento da matéria não teve resposta. Após o encerramento das atividades da biblioteca, representantes do EJAAC terão uma reunião com a Associação de Moradores da Chácara Santa Maria para discutir a possibilidade de reabertura da biblioteca em um novo espaço.

Dalton Assis é correspondente do Capão Redondo
dalton.mural@gmail.com

Comentários

  1. É uma pena essa atitude infeliz dessa Cúria.
    Enquanto muitas cidades estão tentando ressuscitar as bibliotecas, a igreja mostra o seu obscurantismo.

  2. Como as crianças irão ficar? Sem ter com que se divertir, sem interagir ou ate mesmo ler. A biblioteca ajuda muito as pessoas, aquelas que não tem computador em casa, as que não têm livros em casa, e aquelas que querem interagir de alguma forma.

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