Promessa em Osasco, bilhete único e ônibus de madrugada não têm data para sair

Agência Mural

A novela é parecida. Durante a campanha eleitoral para a prefeitura os candidatos enfatizam a promessa de que Osasco, na Grande São Paulo, terá o Bilhete Único. Terminado o processo, o que era certo passa a ser tema de ‘estudos’.

Este é o cenário dos últimos 12 anos no município e que se repete em 2017. De acordo com o prefeito Rogério Lins (Pode), a implantação de um cartão que dê descontos a quem pega mais de um ônibus na mesma viagem não tem data para sair. E a ideia de estender o horário de linhas na madrugada, outra meta de campanha, pode até mesmo ser descartada.

A administração Lins alega que o problema são os gastos com a medida e que o bilhete deve ser consolidado no decorrer do governo, que vai até 2020. Nos últimos meses, o tema do transporte têm sido debatido na Câmara Municipal e alguns vereadores falaram em implantar uma comissão para analisar o tema.

Mas, por enquanto, as falas têm ficado apenas na ameaça. No ano passado, a concessão das empresas foi renovada por mais 20 anos.

No começo de 2017, houve protestos contra o aumento na tarifa dos ônibus de Osasco, que passou de R$ 3,80 para R$ 4,20. Lins chegou a receber movimentos em seu gabinete, mas após o diálogo, não houve avanços.

“O governo atual se mostra frágil e sem capacidade de mexer nessa ferida. Se por um lado mostrou respeito pelos movimentos e entidades ao recebê-las, por outro deixou claro que o máximo que ele vai fazer é apenas ouvir e fingir interesse pelo tema”, afirmou o professor de história, Newton Felipe Ferreira, 27, membro do grupo OCA (Osasco Contra o Aumento).

Ferreira afirma que o grupo sentiu queexistia um forte vínculo, quase como uma dependência das empresas locais”.

“As empresas se mostram como um monstro devorador de gestões. Esconde seus contratos e impede o avanço de uma política pública de mobilidade urbana. Não existe transparência”, completa.

A descrença não vem apenas de quem está dentro de movimentos que foram às ruas. “Eu acho que não vai implantar. A maioria das pessoas que promete as coisas aqui em Osasco não cumpre. Acho que ele [Lins]  vai continuar adiando até ele sair do mandato dele”, afirmou a estudante Heloísa Machado, 19.

Heloísa usa o transporte da cidade todos os dias e seria beneficiada caso houvesse também uma integração com o bilhete municipal da capital, onde trabalha. Por outro lado, considera que essa conta não ficará com as empresas de ônibus, em especial na questão dos ônibus de madrugada.

“Acho que é válida [a implantação], mas muito difícil por causa dos custos. Vai aumentar o imposto, vai aumentar a tarifa do ônibus que já está muito alta. Então é uma faca de dois gumes. Por um lado é bom, por outro é ruim”, diz.

Para o auxiliar de manutenção predial Tiago Borges, 23, morador do Jardim Mutinga,  a integração justificaria o valor cobrado.

“Vai ser até uma melhoria porque a passagem em Osasco é um pouco cara e com essa integração poderia pegar mais de uma condução com um preço mais acessível”, comenta.

PROMESSA

O bilhete único foi uma promessa dos governos dos ex-prefeitos Emidio de Souza e Jorge Lapas, do PT, em um período próximo a criação dele em São Paulo no governo de Marta Suplicy (2001-2004).

Atualmente nem integração com os trens da CPTM existe na cidade. Durante o período eleitoral, o tema levou a embates. Na época, Lins enfatizou que ele seria implantado, pois não tinha ‘rabo preso’ com as empresas de ônibus.

No começo do ano, no entanto, o prefeito passou a enfatizar que a questão está em estudo. “Vai ser fruto de muito ajuste e disputa com as concessionárias, mas vamos acabar nosso governo consolidando o bilhete único”, prometeu.

Outra bandeira alardeada durante a campanha eleitoral foi a implantação de ônibus durante a madrugada. Atualmente, as linhas começam a parar de circular a meia noite e chegam no máximo até a 1h. Porém, há chances de que a promessa seja descartada.

De acordo com Lins, há estudos das próprias empresas de ônibus que mostram não existir demanda de passageiros que justifique manter linhas rodando a noite. “Eu ainda estou insistindo. Não desistimos ainda”, afirmou o prefeito.​

Paulo Talarico e Ariane Costa Gomes são correspondentes de Osasco

Comentários

  1. Deveria existir ao menos uma linha para cada região, de forma circular nas madrugadas. Não existe demanda pq não existe o projeto, ora. Se bem que pensar em passar a noite na rua, em Osasco, têm me causado calafrios. Enfim… tudo uma bost#.

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