Artistas fazem show na zona leste pela liberdade do único condenado pelos protestos de 2013

Agência Mural

Neste sábado (1°), o rapper Criolo junto com outros artistas da zona leste promovem em Cidade Tiradentes um show de encerramento da campanha “30 dias por Rafael Braga”, a partir das 14h. O evento no Centro de Formação Cidade Tiradentes encerra as programações que debatem a discriminação racial na condução de ações policiais.

A história de Rafael começa em junho de 2013, quando protestos ocorreram por todo país. No dia 20 daquele mês, um grupo se reunia para protestar contra o aumento e a má qualidade do transporte público no Rio de Janeiro, quando o catador de materiais recicláveis Rafael Braga, 29, foi preso, por portar uma garrafa de água sanitária e desinfetante.

A alegação era de que ele portava produtos de potencial inflamável e levou a condenação por carregar “artefato explosivo ou incendiário”. Ele foi solto semanas depois.

No ano passado, Rafael voltou a ser preso, quando teria sido flagrado com 0,6g de maconha e 9,3g de cocaína, o que ele nega. Ele foi condenado a 11 anos de detenção e movimentos sociais questionam o fato que foram considerados apenas testemunho de policiais, enquanto a fala de uma moradora não foi considerada na sentença.

“Na Constituição existem os princípios que protegem as pessoas desse tipo de arbitrariedade: o contraditório, o direito à ampla defesa e a presunção da inocência. No entanto, todos esses direitos e proteções são relativizados dependendo da sua cor, do seu endereço, da sua renda, do seu sobrenome”, afirma a estudante Gabrielle Ribeiro Nascimento, 18, componente do coletivo Negrasô.

Diversos coletivos, artistas, intelectuais e ativistas tomaram o caso de Braga como exemplo para reivindicarem um tratamento mais humano e com menos juízo de valor nos casos que envolvem jovens negros que vivem em condições adversas.

“É apenas mais um dos inúmeros casos que vivenciamos na periferia em que o estado faz vistas grossas, enquanto o homem branco afortunado rouba um país inteiro na cara larga e ainda continua na liderança do país”, critica Nay, nome artístico da rapper Daniele Sales Lopes, 30, parte do grupo A’s Trinca que tocará no sábado.

No último dia 20 se completaram quatro anos da prisão por conta dos protestos e que foi considerada como agravante para a sentença dada este ano. Para convocar um debate público sobre drogas, encarceramento e racismo, nasceu a campanha “30 dias por Rafael Braga”, promovida por movimentos sociais que enxergam no caso uma consequência do preconceito presente no Brasil.

“Rafael está preso por uma equação muito simples do racismo e que eu cito em uma das minhas canções:  E a regra que se prega e emprega, propõe para dois p(r)esos, duas medidas”, comenta o educador Elias Chagas da Silva, 37.

Neste sábado, além do rapper Criolo, participam a artista Bia Ferreira, Nomah Diê, Sadrack, Fantasmas Vermelhos, Bia Sankofa, Omnira, A’s Trinca, DMN, Luz Ribeiro, Parábola, Benner Zil, Karina Buhr, Yzalú e GGF A Família.

Encerramento da campanha “30 dias por Rafael Braga”. Local: Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes – Área Externa (3° Piso). Avenida Inácio Monteiro, 6900 – Cidade Tiradentes/esquina com Alexandre Davidenko.Quando: 1º/07 (sábado), às 14h. Classificação: Livre.Gratuito.

Lucas Veloso é correspondente de Guaianases

lucasveloso.mural@gmail.com