Escritora de Itaquera lança ‘Pretas Panteras’, clipe sobre a coragem das mulheres negras
Empoderamento feminino, busca da ancestralidade e enfrentamento às diversas violências são algumas das mensagens do primeiro clipe da escritora Débora Garcia, 34, com lançamento marcado para o Dia da Mulher Negra, Latino Americana e Caribenha, nesta terça (25).
A inspiração vem do feminismo negro e de mulheres que se destacam nesta luta. O lançamento será às 19h na Ação Educativa (r. General Jardim 660, Vila Buarque, São Paulo).
Escrita em 2015 como poesia, “Pretas Panteras” fez sucesso em saraus e em registros feitos pelo público. Neste ano se transformará no clipe dirigido por Joyce Prado, cineasta com referência em produções voltadas para a questão racial. A gravação reuniu mulheres que trabalham em diferentes frentes como a literatura e com os elementos do hip-hop.
A questão racial presente nos versos de Débora une-se com o feminismo negro. “Somos pretas mesmo e panteras desbravando a selva, na luta por sobrevivência todos os dias e buscando espaço”, relatou.
Para a escritora, o clipe é lançado em um momento crítico da política brasileira com o avanço da bancada evangélica e de segmentos extremistas que dificultam a abordagem da cultura afro-brasileira nos espaços educacionais.
O cenário escolhido foi o distrito da Brasilândia, na zona norte da capital, por seu histórico cultural e geografia que favorece um olhar amplo da periferia. A população do bairro Jardim Santa Terezinha contribuiu com a liberação de uma casa, fechamento da rua e limpeza das escadas.
Débora contou que a música dialoga com a organização socialista afro-americana Panteras Negras que agia em legítima defesa contra a repressão policial nos guetos, segregação e busca de direitos civis, nos Estados Unidos.
A filósofa e socialista Angela Davis, integrante do Panteras, é citada na letra, por sua atuação, desconhecida por uma parcela significativa da juventude, segundo a escritora.
Moradora de Itaquera, na zona leste, e assistente social de Suzano, na Grande São Paulo, Débora contou que a observação do seu trabalho apontou as mulheres negras como as principais vítimas de violências e buscou na arte uma maneira de agir.
“Os relatos e as vidas das mulheres geram a vontade de escrever e, depois de escrito, é feito a partilha com elas, é uma retroalimentação”, conclui.
A escritora diz acreditar que mudanças estruturais só acontecerão com a conquista de mais espaços de poder e decisão.
“Temos um país de histórico escravocrata e patriarcal, é um trabalho de formiguinha, cada pessoa que você alcança é como se fosse um mundo”, afirmou. E para ela o clipe é mais uma ferramenta para trabalhar o tema.
Sheyla Melo é correspondente de Guaianases
sheylamelo.mural@gmail.com
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