Em ruínas, cinema abandonado na Freguesia do Ó serve para brincar de esconde-esconde
Encasteladas em shoppings centers, ao longo das últimas décadas, a maioria das salas de cinema se afastou não apenas das ruas do centro como principalmente dos bairros periféricos da cidade. No Morro Grande, distrito da Freguesia do Ó, na zona norte, por exemplo, a rua Raimundo da Cunha Matos, era literalmente um cenário cinematográfico. Só que há 40 anos.
A moradora Silvana Mariano, 47, não chegou a assistir a nenhuma sessão e ainda era pequena quando o cinema foi desativado no bairro. “Estudei no Colégio Santa Clara, há 35 anos, onde meus filhos também estudaram. Cheguei a comprar tecidos na tecelagem com minha mãe, mas nessa época o cinema já não funcionava mais”, relembra.
O local pertencia a Thomáz de Mello Cruz, também dono de uma tecelagem. Ambas as instalações ficavam próximas a uma pedreira, sem funcionamento desde a década de 1980. Além desses empreendimentos, a religiosidade do proprietário deu vida à Igreja de Santa Clara, que servia como uma escola, igualmente em ruínas.
Se no passado, quatro andares reuniam espectadores com olhares atentos frente às telonas, agora tudo se resume em janelas quebradas, pedregulhos e paredes descascadas e pichadas. Senão como reduto de jovens, que brincam de esconde-esconde no local do qual desconhecem a história.
É o caso do estudante William Moraes, 15, que frequentou poucas vezes uma sala de cinema, por causa do distância [a mais próxima fica apenas no distrito de Santana, também na zona norte] e do alto preço dos ingressos. “Se tivesse um cinema perto, eu poderia ir mais vezes com meus amigos, não só para assistir ‘Velozes e Furiosos 7”, afirma.
ESPECULAÇÃO
Em 2009, o antigo cinema foi ocupado por um coletivo cultural que sonhava em transformá-lo em um centro de cultura. A ocupação, no entanto, foi impedida e os artistas tiveram de desocupar o local, conta Dimas Reis Gonçalves, 30, que participou do ato. “Fomos convidados, ‘gentilmente’, a ir até o DP [Departamento de Polícia]”, afirma o ativista.
“Cheguei a falar com o pessoal do SPCine, que gostou muito da ideia, mas teríamos que fazer uma grande mobilização para ter financiador e comoção pública”, diz Gonçalves. O Circuito SPCine é uma rede de salas de cinema aberta e gratuita, instalada em alguns CEUs (Centro Educacional Unificado) e na Galeria Olido, pela Prefeitura de São Paulo.
Segundo ativistas e moradores, o interesse em transformar o lugar em um espaço cultural ainda é mera especulação devido ao desinteresse por parte do poder público, que não esboçou interesse no projeto.
De acordo com a assessoria da Prefeitura Regional de Freguesia/Brasilândia, até o momento, não há nenhuma proposta prevista. “Existe um movimento na região que é composto por ativistas culturais e artistas, que reivindicam a construção de um espaço cultural no local com o apoio da Supervisão de Cultura desta prefeitura, porém trata-se de uma área particular e não há nenhum projeto de compra da área por parte da Prefeitura de São Paulo”, afirma.
O Mural contatou a família Mello Cruz, dona do imóvel, para saber os planos em relação à propriedade, mas não obteve resposta.
Ronaldo Lages é correspondente da Brasilândia
ronaldolages.mural@gmail.com
Boa noite,
Eu Cicero Alexandre coordenador do Movimento em Defesa do Parque Morro Grande á mais de 05 anos estamos trabalho para preservação do equipamento na nossa região como o cinema e a igreja, e com muita alegria que agradecemos a esta matéria que fala sobre o Cinema e a Igreja Morro Grande.
lamentável ver estas fotos!! eu fiz primeira comunhão la e tenho otimas lembranças do local..Meus filhos q hoje são adultos brincaram muito lá aos fds e hj ver o que se tornou é muito triste. Quero colaborar para a melhoria deste espaço.. como podemos ajudar?
Pessoal acho que isto foi uma igreja. Tem a torre com a cruz e o local do sino. Não daria também para esta construção ter quatro pavimentos de salas. O que não impede, é claro, que se batalhe pela instalação de um polo cultural, que o bairro merece.
Sim !!! Está é a igreja onde meus pais se casaram, o cinema fica bem em frente e tem sim os 4 pavimentos citado acima, não tive a oportunidade de assistir filmes, mas por diversas vezes fui ver a banda da Pedreira tocar, era muito bom, nostálgico !!!
Ou a foto esta trocada?
Trabalhei na pedreira de 1969 ao ano 1982, estudei no Instituto Mairiporã ,que é do mesmo proprietário, casei – me nessa igreja 1977,saudades.
As crianças só têm que desviar dos mendigos e dos viciados em crack, cercadas por pichações e grafites horríveis.
Era um lugar mágico da minha infância!
Eu sou Sandra moradora desse bairro. Quando criança eu e meu irmão estudamos catequese lá. Isso em 1983 a 84 acho. É me forme na comunidade do Carumbe. Me mudei e vivi no Jardim damasceno até 2016. Hoje volto a minha terra natal e encontro este cenário em pleno abandono e lembrei de como fui feliz ai. Era um lugar lindo. Tenho certeza que dia eu há de ver esse lugar com o brilho novamente. Gente vamos fazer algo por esse espaço!
Não confunda freguesia com distritos
Muito triste ver um pedaço de minha vida se acabar assim…
Minha mãe frequentou o cinema,Seu aula no Mobral nesta escola eu fui batizado nesta igreja e fiz Primeira Comunhão nela .
Aos finais de semana era um lugar de lazer e lindo onde muitas famílias levavam seus filhos e aproveitavam.
Era um pedaço do interior na metrópole não havia perigo e tínhamos tanta liberdade.
Hoje também é diversão. Vários vinho ruim, skate e droga!
Ainda ta de pé lá? Muito perigoso? Queria ir lá tirar umas fotos!