Risco da prefeitura fechar cursos para jovens gera protesto na Cachoeirinha

Agência Mural

Cerca de 120 pessoas ligadas a serviços de proteção básica e especial da Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte de São Paulo, realizaram um protesto nesta semana, por conta do risco do encerramento de cursos para crianças e adolescentes na região.

O ato contra o “desmonte da assistência”, como foram denominadas pelos manifestantes ações da gestão João Doria no setor, ocorreu em frente à Fábrica de Cultura da região, onde a SMADS (Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social) realizava uma pré-conferência regional para discutir as perspectivas da área na cidade para os próximos dois anos.

“A gente tem tido uma política de corte de verbas. Tem alguns serviços que estão em vias de se fechar e alguns já fecharam por conta da precarização que tem sido imposta pela secretaria municipal de assistência social e pelo secretário Felipe Sabará”, afirmou a funcionária do serviço Teresa Ferreira, 33.

Apesar de a pasta não ter anunciado oficialmente, os funcionários temem pelo fechamento de projetos de proteção básica, como os CJs (Centros para Juventude) e os CCAs (Centros para Crianças e Adolescentes).

Nestes espaços são desenvolvidas atividades de recreação e cursos profissionalizantes para os jovens de baixa renda.

De acordo com a secretaria, os projetos não devem ser necessariamente fechados, mas deve ocorrer um processo de aditamento: os contratos entre a prefeitura e as organizações sociais que desenvolvem estes trabalhos deixarão de ser firmados pela duração de 24 a 36 meses, como de costume, e passam a ser renovados mensalmente.

Na opinião dos servidores, porém, a remodelagem irá gerar fatalmente atraso de verbas, precarização de serviços e instabilidade jurídica.

“Temos lutado pelo fortalecimento do Suas [Sistema Único de Assistência Social], a gente tem observado que a gestão tem atuado no sentido de desconstrução dessa política, sem diálogo com trabalhadores, usuários ou qualquer tipo de instância deliberativa. As coisas têm ocorrido de forma muito atropelada”, ressalta a assistente social Alessandra Camargo, 41.

CRIANÇAS NA RUA

Entre os projetos que podem ser cortados ou aditados estão os três CCA’s que atendem cerca de 450 crianças, entre 6 e 14 anos, de diversos bairros da Vila Nova Cachoeirinha e um CJ localizado na Comunidade do Flamengo, no Jardim Peri.

O local atende adolescentes de 15 a 18 anos, principalmente deficientes físicos, que deixaram a escola ou estão cumprindo algum tipo de medida socioeducativa. A proposta é evitar a quebra de vínculo do jovem com a sociedade.

No espaço também são desenvolvidas rodas de conversa e auxílio como o primeiro emprego, além de um trabalho junto às famílias dos adolescentes atendidos.

Paula Albuquerque, 37, mãe de um dos adolescentes atendidos pelo CJ do Jardim Peri, esteve no protesto. “Meu filho se desenvolveu muito depois que começou a frequentar o CJ. E agora estão querendo que nossos filhos virem marginais. Eu não vou deixar. Estou lutando pelos direitos deles”, afirmou.

Questionada, a secretaria afirmou que alguns cortes são necessários por conta da crise econômica, mas alega que as mudanças não vão afetar os serviços prestados à população. Quanto ao fechamento do CJ e do CCA do Jd. Peri, não houve retorno.
João Paulo Brito é correspondente da Vila Nova Cachoeirinha joaopaulobrito.mural@gmail.com