Mulheres cobram centro de apoio contra violência em Mauá
A mulher que sofre violência fora do horário comercial ou no fim de semana encontrará a Delegacia da Mulher de portas fechadas em Mauá, na Grande São Paulo.
A deficiência de políticas públicas para atender essas ocorrências motivou o Movimento Olga Benario a ocupar um imóvel abandonado no centro do município para reivindicar a criação de um Centro de Referência.
Abandonada há 20 anos, a casa que foi ocupada é um espaço de valor histórico para a cidade, onde foram feitas as reuniões para a emancipação do município que, antes, pertencia a Santo André.
“Encontramos o espaço muito sujo, com o teto caindo e deteriorado. A GCM disse que usuários de drogas e moradores de rua também ficaram aqui”, comenta Rafaela Carvalho, 28, participante do Movimento Olga Benario e moradora de Santo André.
A ocupação durou oito dias e, após a pressão de mulheres da região, um grupo de trabalho foi formado e busca encontrar um espaço para a criação do primeiro centro de apoio na cidade.
Não é a primeira vez que o imóvel foi cogitado para a criação de um centro de apoio às mulheres. “Há alguns anos reivindicamos esse espaço para um centro. Estava tudo resolvido, o governo iria entrar com a reforma da casa e a contrapartida da prefeitura seriam os funcionários, só que Mauá estava inadimplente com o governo federal e não conseguimos”, conta Helena Pinto, 61.
“Nós morremos todos os dias. Precisamos de um espaço com uma função social para atender as mulheres”, ressalta Rafaela.
No ABCD, existem apenas duas casas abrigo, destinados a receber vítimas de violência doméstica, com 40 vagas cada.
Nos últimos sete meses, o Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), responsável por atender casos de todos os gêneros e idades do município, recebeu 242 mulheres, segundo informações da Prefeitura.
CURSO
Entre as ações que têm ocorrido em Mauá em busca de apoio está o programa Promotora Legal Popular (PLP), curso que está em sua 11ª edição e formou mais de 200 alunas sobre temas como a Lei Maria da Penha, aborto, direitos humanos, questão de gênero, entre outros.
“É gratificante ouvir os depoimentos das mulheres. Temos alunas formadas em assistência social que nunca estudaram alguns conteúdos que passamos aqui”, comenta Helena, moradora do bairro Itapeva e uma das responsáveis por trazer o curso para a cidade.
Atualmente, as aulas são ministradas na Defensoria Pública de Mauá. Podem participar mulheres a partir dos 16 anos.
A assistente social Andrezza Gonçalves, 41, foi vítima de violência por 9 anos e participou das atividades. “Eu achava que o que eu sofria era normal pois eu o amava, não tinha experiência de nada. Ele é o pai do meu filho”, conta.
Em nota, a Prefeitura de Mauá afirma que a Secretaria de Segurança tem buscado apoio do Estado para que a Delegacia da Mulher possa ter um posto 24 horas na cidade e que tem ampliado os programas no sentido de aumentar a rede de proteção à mulher na cidade. No site da prefeitura, há opções de apoio à mulher.
Laiza Lopes é correspondente de Mauá
laizalopes.mural@gmail.com