Atletas surdos de São Bernardo disputam torneios internacionais de badminton
Geisa Vieira de Oliveira, 14, e Daniel Resende, 19, tem duas coisas em comum. Ambos são surdos e encontraram no badminton uma forma de melhorar a comunicação.
Vizinhos na Vila São Pedro, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, eles fortaleceram a amizade quando começaram a praticar o esporte com raquete e peteca que os levaram para a Surdolímpiadas 2017, na Turquia.
Eles integraram a seleção brasileira de badminton de surdos, que participou pela primeira vez da competição no final de julho. Ambos começaram no esporte ainda crianças, na Emebe (Escola Municipal de Educação Básica Especial) Neusa Bassetto.
Lá concluíram o ensino fundamental e seguiram com treinos no ginásio reformado no começo de agosto pela prefeitura, aberto aos paratletas com mobilidade reduzida.
Geisa foi uma das mais jovens atletas na disputa olímpica e se destacou em alguns jogos. Campeã por equipes no Sul-Americano 2016 no Peru, ela venceu uma partida por equipe, na simples feminina, e outra na individual simples. Mesmo sem medalhas, ela já foca nas próximas competições.
“Agora vou me concentrar para o nacional em Curitiba, provavelmente em outubro, quando terei chance de classificação para o Sul-Americano”, conta.
A mãe de Geisa, Francisca Vieira de Oliveira, 45, conta que mesmo com conquistas no continente, a participação da filha depende dos recursos dos familiares. “Ir para a maioria dos campeonatos pelo Brasil ainda é na base do nosso “paitrocínio”, que pesa no bolso”, completa a profissional autônoma.
TIMIDEZ
Mãe de Daniel, a empregada doméstica Teresinha Santos, 58, lembra que antes do badminton o jovem tinha dificuldade para interagir. “Ele se isolava, porque eu também não sabia onde buscar suporte. Mas quando começou a praticar o badminton, melhorou a coordenação motora, postura, concentração. Percebi ele mais alegre e aberto para se comunicar com os outros”, explica.
Daniel tem como objetivo se classificar para o Mundial de Badminton 2019, em Taipei, e comemorou sua estreia em uma disputa internacional. “Fazer parte dessa competição deu certeza de que vale lutar pelo o que quero. Também conseguimos interagir com outros atletas pela língua universal de sinais [gestuno]”, afirmou Daniel.
Além do esporte, ele se dedica à licenciatura à distância de letras/libras no IFNMG (Instituto Federal Norte de Minas Gerais).
Além de Geisa e Daniel, a seleção foi formada pelos atletas Bruna Firmino, Victor Eduardo Santos, Gabriel Hovelacque e Matheus Costa.
Técnico da seleção brasileira de badminton de surdos, Manoel Mori afirma que ainda há um caminho para os brasileiros disputarem em grau de igualdade com os países tradicionais no esporte. Mas é otimista quanto às próximas competições.
“Os japoneses são mais experientes e nós somos uma equipe jovem. Mas chegamos até a fase eliminatória. Vamos aprimorar alguns pontos e temos grandes chances de medalhas na próxima.”
Jariza Rugiano é correspondente de São Bernardo do Campo
jarizarugiano.mural@gmail.com
Os melhores, prima geisa tenho um orgulho maior do mundo de você peço pra Deus sempre te abençoa nessa jornada ❤
Daniel uma pessoa maravilhosa exemplo de menino