Manifestantes sem teto protestam no centro de São Bernardo para permanecer em terreno ocupado
Um grupo de manifestantes sem teto que ocupou um terreno em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, fez um protesto nas ruas da cidade do ABC na tarde desta quarta-feira (13).
A manifestação passou por várias avenidas do centro cidade e foi até a Câmara Municipal, onde líderes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) se reuniram com representantes da prefeitura e da Polícia Militar.
O MTST disse que havia 2.500 pessoas no ato. A PM não informou estimativas.
Cerca de 4.000 pessoas ocupam um terreno que pertence à uma construtora na avenida José Odorizzi, na Vila Euro. Famílias estão vivendo ali embaixo de lonas, com alimentação e água fornecida pelo MTST. A ocupação começou no início do mês.
A Justiça determinou a reintegração de posse do terreno, mas a ordem ainda não foi cumprida. Os manifestantes pedem que a decisão seja revista e que a prefeitura ofereça ajuda para as famílias sem moradia.
Um dos manifestantes, José Raimundo Barros, 40, vigilante desempregado, veio de Diadema e está no terreno desde segunda-feira (11). Casado e pai de duas filhas, ele morava de favor na casa de um amigo antes de ir para a ocupação.
“Sei que o terreno é particular, mas espero um acordo pacífico, que a prefeitura libere pra gente pagar nem que for um pouco por mês ” diz ele. “Nós queremos somente a moradia, que é um direito de todos.”
Jovino Antonio de Oliveira, 56, operador de máquinas, chegou há oito dias na ocupação. “Fiz um barraco de lona, com uma marcação com um número”, conta ele, que mora de aluguel no bairro Cláudia, em São Bernardo e tem dois filhos. “Vamos ter vitória e conseguir realizar o sonho da casa própria.”
Antes da chegada dos manifestantes, policiais militares e guardas civis cercaram o prédio da Câmara, onde funcionários foram dispensados do expediente mais cedo. No entanto, o protesto foi realizado de forma pacífica.
Os manifestantes ficaram revoltados com a ausência do prefeito Orlando Morando (PSDB) na reunião. Ele foi representado por um secretário. “Mais uma vez o prefeito foi incompetente e irresponsável em não atender a comissão e vai pagar o preço da mobilização”, disse Guilherme Boulos, líder do MTST.
Após a reunião, que durou cerca de duas horas, os manifestantes anunciaram que vão voltar para a ocupação. Haverá uma novo encontro entre as partes nesta quinta-feira (14). O MTST convocou um novo protesto para sexta-feira (15), que poderá bloquear a via Anchieta.
Kátia Flora é correspondente de São Bernardo do Campo
katiaflora.mural@gmail.com
Muito bom!
Eu acho um absurdo o prefeito não atender essas pessoas ,na hora de pedir voto ele vai pra rua na hora de fala com a população ele não da as cara ,é um falta respeito com o povo ,eu apoio a causas do MTST ,por que o terreno tá abandonado a trinta anos, e o povo sofrendo, o povo tem que ser unir mesmo só assim pros governantes da atenção.
Gostei muito da matéria, pois esta rica de detalhes recentes e mostrou o lado da oposiçao ao fato. Parabens
É um absurdo a ocupação e invasão de áreas de forma desregrada, isso é uma prática desonesta e de selvageria sem medida. Eles se julgam no direito de invadir e de se apropriar do que não lhes pertence, não estão nem aí. O interessante é que se observa chegando a esses locais, pequenos latifundiários, equipados com veículos novos e seminovos entre outros que se arriscam para se apropriarem de um pedaço de terra com o desejo de morar em local privilegiado. A maioria deles posteriormente vão negociar “suas propriedades” e tirar vantagens dos lotes apropriados. A maioria não são “sem terra”, são especuladores e aproveitadores, tão corruptos quanto os piores políticos que se tem nesse pais.
Lembro que tempos atrás, para morarmos em São Bernardo era necessário adquirir um lote, regularizado junto à Prefeitura, pagar pelo lote e para a construção era necessária uma planta aprovada por um engenheiro, recolher os tributos na Prefeitura, após a construção tirar o habite-se, receber a aprovação da Prefeitura e pagar os tributos. Hoje, basta apenas escolher um local, invadir, mesmo que seja em áreas de mananciais, construir sem nenhuma regra e nenhum pagamento, pedir para a Eletropaulo e Sabesp efetuarem as ligações de luz e água e ficar ali vivendo de graça. Esse é a nova cara de São Bernardo, uma cidade de invasões, uma terra de ninguém onde vale qualquer coisa. Moro a 58 anos em São Bernardo e já vão longe os anos em que tínhamos segurança e paz nesta cidade. São Bernardo virou uma terra de bagunça e de gente inescrupulosas que se fingem de coitados e na verdade são especuladores e roubadores, trazendo o crescimento de favelas e habitações desordenadas, destruindo a natureza, o meio ambiente e emporcalhando cada dia mais o bonito município que já foi um dia São Bernardo. De problemas a problemas, São Bernardo se afunda cada dia mais na sua política permissiva e de falta de controle.