Alunas de ballet clássico no Jaçanã buscam recursos para festival
São 13h de domingo e meninas de todas as idades chegam empolgadas para mais uma aula de ballet clássico no CEU Jaçanã, na zona norte da capital.
As mães que as levam dão os últimos retoques nos coques dos cabelos, pois a professora é exigente. “Ela é rígida, fala firme com as meninas, pergunta se é isso mesmo que elas querem. Acho que tem que ser assim mesmo, pegar no pé, levar a sério”, conta Elizabete dos Santos Ferreira, 39, auxiliar de enfermagem e mãe de uma aluna do projeto Michelle Gomes.
Criado em 2004, a iniciativa da bailarina clássica busca promover cultura para crianças e adolescentes vindas de escolas públicas ou adultos de baixa renda. Há aulas de ballet, jazz, pilates e condicionamento físico gratuitamente.
“A dança pode transformar a vida de cada uma. A dança não é um hobby e sim uma arte bela e complexa”, defende Michelle.
A professora não conta com patrocínio e avança a medida que ganha espaço para os ensaios. Desta vez, está no Ceu Jacanã, com aulas duas ou três vezes por semana. Para confecção dos uniformes, o projeto procura costureiras que façam preço acessível para que todos os pais possam comprar.
Hoje o projeto atende cerca de 35 alunas de 6 anos até a idade adulta. “Nossas meninas participam de espetáculos em espaços cedidos ao projeto como aqui mesmo no CEU, asilos, Ongs e outros locais que nos convidam. Temos em média quatro espetáculos por ano”, ressalta Michelle, que atua com a dança desde a infância.
“Na adolescência já gostava de estar envolvida em projetos sociais e pensei em um para ensinar um pouco do que aprendi para futuras bailarinas, com objetivo de desenvolver nelas o amor pela dança”, diz.
A filha de Elizabete é umas das alunas mais antigas da turma. Graciele dos Santos, 16, está na dança há oito anos e sofreu epilepsia, o que afetou parte da memória afetada e não enxerga do olho esquerdo. “Graças ao ballet e insistência da professora ela está bem melhor e é única bailarina que dança na ponta da ponta do pé”, diz Elizabete.
“Eu já quis desistir várias vezes na hora da raiva”, admite Graciele. “Penso em seguir em frente por causa da Michelle, porque ela acredita e aposta em mim, além de conhecer meus limites. Com a dança aprendi a me expressar de várias formas até quando estou triste”, comenta Graciele.
Para a vendedora Rita Maria de Souza Araujo, 41, outra mãe de uma aluna bailarina, as aulas fazem parte da realização de um sonho da filha. “Sonho em conciliar a faculdade de medicina com a dança. Sempre vou arrumar tempo para dançar. O que mais gosto de fazer é aprender os nomes e os passos do ballet. Já consigo fazer vários”, conta Gabriela Souza Araujo, 13.
Já a aluna Daniele Fernandes Euzébio, 13, afirma que a dança mudou até seu comportamento. “Sempre fui tímida e a dança transformou isso. Demonstro o que estou sentindo através da arte”, diz.
FESTIVAL DE JOINVILLE
Michelle pretende levar as meninas para um festival de dança em Joinville, no próximo ano.O custo para a participação é de R$ 12 mil. Para garantir que vão conseguir a verba para a viagem, as mães das alunas estão fazendo chocolates para vender para a vizinhança e ainda pretendem rifar cestas de café da manhã para a comunidade local.
O Festival de Dança de Joinville é considerado o maior, segundo Guinness Book desde 2005, e atrai mais de seis mil participantes e um público superior a 200 mil. “Com certeza será uma excelente oportunidade de mais um aprendizado para as meninas. Afinal, faz parte da carreira de todas as bailarinas conhecer Joinville”, finaliza Michelle.
Antes, porém, o projeto tem feito apresentações. A próxima será no começo de novembro.
“A Bela Adormecida e Divertssements”
Data: 4/11 às 17:30hrs
Local: Ceu Jaçanã – Rua Antônio César Neto, 105 – São Paulo – SP
Saiba mais na página do projeto no Facebook.
Priscila Gomes é correspondente de Vila Zilda
priscilagomes.mural@gmail.com
Conheço a alguns anos o Projeto, e posso afirmar que é responsável pela educação e inclusão social de dezenas de meninas e suas famílias, levando arte e cultura para a periferia.
São projetos assim, que dão esperança de um futuro próspero e citando um trecho da matéria” A dança não é um hobby e sim uma arte bela e complexa” a arte como ciência permiti ao ser humano se expressar ,traz prazer a vida.
Parabenizo a correspondente pela matéria.