Na zona leste, coletivo reúne imigrantes para discutir feminismo
É sábado na Cohab 2, na zona leste de SP. Mulheres do Haiti, de Moçambique, do Brasil e da Guiné Bissau se reúnem para discutir feminismo a partir de imigrantes e refugiadas. Os encontros, que aconteciam esporadicamente, ganharam mais adeptas e deram vida ao projeto “Geração de Mulheres”.
“A gente tinha uma pergunta: ‘O que te carrega?’. Todas as respostas estavam no feminino”, resume Verônica, Avellar, 32, uma das criadoras da iniciativa que faz parte do coletivo de dança Corpo Aberto. Ao todo, serão realizados sete encontros mensais. O primeiro teve início em agosto deste ano.
“A força, o afeto e o carinho para receber outras pessoas foram algumas coisas que nós encontramos”, reforça a artista, que se uniu a outras quatro mulheres e um homem. O projeto teve apoio do programa VAI (Valorização a Iniciativas Culturais).
“A partir do nosso ponto de vista, criamos esses encontros, sendo que cada um deles visa pensar em um aspecto do universo feminino que não é muito tratado”, completa o arte-educador Márcio Dantas, 35.
A ideia dos artistas é criar agendas que possam pautar temas como sexualidade, gênero, direitos, entre outras questões, sobretudo nas periferias paulistanas.
Convidada para a primeira reunião, a colombiana Soraya Alejandra Bolanõs, 37, saxofonista que veio ao Brasil se especializar em música, afirma que “é importante trocar experiências e perceber as várias culturas que atravessam esse mesmo Brasil”.
A discussão sobre imigração inaugurou a série de debates. O motivo: os bairros de Itaquera e Vila Ema, onde moram os membros do coletivo, possuem um alto contingente de mulheres imigrantes.
Já no segundo encontro, a maternidade foi discutida em meio a atividades que mostraram como o assunto vem sendo discutido e como a sociedade exerce influência sobre isso.
A terceira edição acontece no próximo sábado (28), com o tema “Paridades de Direitos”. O bate-papo acontecerá na casa de cultura Raul Seixas, onde também serão promovidas oficinas de percussão, show com grupos femininos e exposições de artesanatos de bordado e pássaros de argila.
Danielle Rocha, também criadora do projeto, reforça a necessidade do debate sobre igualdade de direitos entre homens e mulheres.
“Vamos conversar sobre Lei Maria da Penha e abordar até o direito ao aborto, algo negado pelo Congresso e por visões religiosas, mesmo a gente habitando num país que se diz laico. É pensar quantas vezes as mulheres silenciam porque não conhecem”, finaliza.
Serviço:
Paridade de Direitos: 28 de outubro, das 10h às 18h
Casa de Cultura Raul Seixas – rua Múrmurios da Tarde, 211 – José Bonifácio, SP
Lucas Veloso é correspondente de Guaianases
lucasveloso.mural@gmail.com
Trabalhar que é bom estão discutindo? Buscando emprego? Oferecendo treinamento? Ensinando a tirar carteira de trabalho? Ou é só mimimi esquerdinha?