Sarau celebra Dia das Bruxas no Jaçanã e grupo defende diversidade
Um sarau com uma pitada de terror e suspense. Essa é a promessa da Companhia Bando Jaçanã. Com o Halloween comemorado na próxima semana, o coletivo criado em 2015 fará neste sábado (28), a partir das 17h, o primeiro Sarau das Bruxas, com entrada gratuita.
O evento inspirado na festa norte-americana terá música, dança, e espetáculos relacionados à diversidade, trabalho que o grupo tem realizado em bairros da zona norte como a Jova Rural desde sua criação.
“A ideia partiu ao ouvir um relato de uma criança que gostaria de um evento de Halloween, e aí tivemos a ideia do sarau que contará com participações de membros da comunidade e aprendizes da Fábrica de Cultura”, conta o ator e um dos integrantes da companhia, Fellipe Sótnas, 17.
O evento na Fábrica de Cultura do Jaçanã terá espaço para poesias, com microfone aberto, mas com decoração e doces típicos da festa. “Há a possibilidade de nossos convidados estarem em outros corpos, outras fantasias. Temos temas, mas percebemos que o sarau é vivo. Ele será sobre e como as pessoas se sentirem”, ressalta o ator.
Além disso, a noite conta com apresentações de cantores como Agatha Tosta, André Guima e Henrique Onorato, que fazem parte do Bando, e Iago Ilha, participante do programa The Voice Kids.
DIVERSIDADE
No mesmo dia, antes do sarau, a partir das 15h, o espaço cultural recebe a mostra LGBT Vacas Vão Reinar, projeto também do Bando que apresenta um show de drag queens com performances, música, depoimentos, mas com faixa etária a partir dos 12 anos.
“O evento tem como objetivo mostrar como seria uma cidade livre do patriarcado e traz aos jovens a reflexão do respeito ao diferente, assim quem sabe possamos começar a mudar a realidade do país que mata mais travestis do mundo e agride todo o grupo LGBT+”, explica Fellipe.
A Companhia surgiu em 2015, por meio do Projeto Espetáculo, da Fábrica de Cultura Jaçanã, com a produção do espetáculo “Bando Jaçanã”, escrito por Alexandre Toller, que tratava de questões de jovens negros das periferias, intitulado como ‘jaçanãs’.
Mais de 20 jovens participantes foram se reconhecendo como um coletivo e adotaram o mesmo nome ao grupo.
De lá para cá, de maneira independente, eles realizaram intervenções artísticas nas ruas como o Sarau da Resistência e o Sarau do Bando, e buscam levar aos jovens do bairro questões como racismo, machismo e opressão.
“É importante trazer uma espécie de conscientização para as pessoas que entram em contato com o que fazemos, tentando contextualizar as pessoas e trazê-las para dentro da nossa pesquisa”, afirma o cantor, Henrique Onorato, 19.
No ano passado, o coletivo começou a observar o bairro da Jova Rural e decidiu fazer uma pesquisa sobre suas necessidades. A partir disso, surgiu o espetáculo Cidade e as Mulheres, um musical sobre a emancipação feminina em relação à opressão do machismo.
“No espetáculo, derrubávamos uma cidade patriarcal onde a mulher era tratada como propriedade e fundávamos a ‘Cidade Cabaré’, onde nenhum corpo é estranho e são todos corpos dançantes, uma cidade de igualdade. O evento parte da instauração dessa cidade e as drags aparecem por meio da personagem Lady Vaca Profana do espetáculo”, comenta.
A Fábrica de Cultura do Jaçanã fica na rua Raimundo Eduardo da Silva, 138 (entrada 1) – Jova Rural. Sábado (28): a partir das 15h. Entrada: gratuita.
Karina Oliveira é correspondente da Vila Ayrosa (São Paulo
karinaoliveira.mural@gmail.com