Obra parada deixa esgoto a céu aberto em São Bernardo
“Vamos ver se hoje sai uma solução, né?”, “Será que eles aguentam esse cheiro insuportável?”. Esses e outros questionamentos foram levantados por moradores do bairro Jordanópolis, em São Bernardo do Campo (SP), durante reunião sobre a obra incompleta de canalização do córrego Pindorama.
Realizada na última semana, a reunião ocupou uma das calçadas da rua Brascola, altura do número 35, onde o esgoto a céu aberto divide espaço com quem passa pelo local. Organizado por moradores, o encontro também teve a participação do vice-prefeito Marcelo Lima (SD) e do engenheiro André Marzolla, que integram a atual gestão municipal (PSDB).
Parte da canalização do córrego Pindorama, que teve início em 2016, não foi concluída. “O esgoto seguia pelo rio, mas durante a obra esse espaço foi cimentado. Então o esgoto fica parado praticamente nas nossas portas, atraindo ratos, baratas, mosquito, pernilongo e cheiro ruim”, descreve a dona de casa Maria das Dores Neves de Oliveira, 31.
Ela conta que a Prefeitura avisou que o local teria esgoto encanado e os moradores passariam a pagar pelo consumo de água. “Até agora temos as contas de água pra pagar. O resto não sabemos se chega um dia”, diz.
Durante o encontro, antes de apontar uma solução para o problema apresentado pelos moradores, o vice-prefeito fez uma breve contextualização da situação para os mais de 50 presentes. De acordo com ele, a obra feita pela gestão anterior (PT) não utilizou um coletor de esgoto adequado. “Herdamos esse projeto inacabado da última gestão, mas independente disso vamos resolver”, afirma Marcelo Lima, ao mencionar que ainda falta seguir com a canalização em dois trechos do córrego.
Para não desapropriar as casas que ficam ao lado do córrego, Lima informou que no dia 16 de janeiro a Prefeitura se reuniu com a Sabesp e pediu uma pesquisa sobre alternativas menos prejudiciais. “Demos um prazo de 60 dias pra entregar o estudo. Se existir alternativa que não prejudique os moradores, essa parte da obra será iniciada em maio e finalizada em julho deste ano”, aponta.
O vice-prefeito também alegou que a nova gestão municipal esperou um ano para seguir com a obra, pois as casas do entorno corriam risco de cair.
Apesar das explicações apresentadas, os moradores ainda consideram a situação incerta e lembram que já levaram o problema das rachaduras de suas casas para a Prefeitura e construtora, mas nenhuma delas se pronunciou. É o caso do aposentado e morador Milton Silvestre, 61. Durante a reunião, ele disse que “independente da gestão, a Prefeitura é a mesma. Se a construtora não presta, é papel da Prefeitura cobrar e exigir as formas certas de se concluir uma obra.”
Em sua casa, Silvestre mostrou as rachaduras que ameaçam muro e colunas, além de cederem o chão do quintal. “As rachaduras começaram junto com o início da canalização, porque é uma obra grande, pesada. Não tenho dinheiro para arrumar. É necessária uma grana violenta, principalmente quando precisa de um muro de arrimo para manter o cômodo do fundo em pé”, diz.
“Já é a terceira reunião que participo para continuar sem uma solução exata. Na hora de pagar o IPTU, não podemos deixar pra lá. Mas a Prefeitura não revê o que é consequência de um projeto coordenado por ela”, finaliza o aposentado.
Em nota, a Sabesp informou que continua em tratativas com a Prefeitura de São Bernardo do Campo para buscar soluções para as situações apresentadas. A companhia também afirmou que a canalização de córrego é de responsabilidade da prefeitura.
“Se a obra não começar no prazo informado, vamos até a Prefeitura exigir esse direito de novo. Quase sempre os prazos atrasaram ou nem foram respeitados. Não conseguimos acreditar mais”, desabafou a doméstica Dayana Neves Oliveira, 28, no final da reunião com vizinhos e representantes da gestão municipal.
Jariza Rugiano é correspondente de São Bernardo do Campo
jarizarugiano.mural@gmail.com