Moradores usam entorno do Rodoanel para fazer caminhadas na zona norte
Gabriel Sousa
Com a abertura de um condomínio de alto padrão para as obras do trecho norte do Rodoanel, nos últimos meses, moradores da região da Cachoeirinha, zona norte de São Paulo, passaram a frequentar as ruas do local para a prática de caminhada.
“O pessoal vinha pra cá, eu segui e comecei a vir também”, diz Jorge dos Santos, 53, morador do Jardim Elisa Maria. O aposentado passou a se exercitar há sete meses, após notar a movimentação de pessoas em direção ao Parque Itaguaçu da Cantareira.
Numa região com escassez de áreas de lazer, os principais atrativos para o local são o baixo fluxo de veículos, vias bem conservadas e o contato com a natureza.
“Antes a gente ficava ali na Inajar de Souza, que é muito ruim por causa dos carros, e antes não tinha nem aquela ciclovia. Aqui é bem melhor, tem a natureza, não tem a poluição”, afirma a copeira Geovânia Lima Montenegro, 46, moradora do Jardim Peri.
Localizado na borda da Serra da Cantareira, o condomínio teve de abrir mão de sua primeira portaria, próxima à Avenida Inajar de Souza, para a circulação de caminhões da construtora Dersa, em 2013.
De acordo com a Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL), o arruamento em que o Parque Itaguaçu da Cantareira foi aprovado nunca autorizou o fechamento das vias onde as pessoas praticam caminhada atualmente.
O alvará n°1.505 de 1983 permitiu que o bairro fosse constituído em dois loteamentos, do tipo L1 e L4. A concessão do tipo L4 autoriza que seja colocado um portão na entrada da propriedade e o interessado deve ser responsável pela manutenção e conservação das vias, como acontece na parte ainda privada do bairro.
BLOQUEIO SIMBÓLICO
Apesar dos relatos de que as vias tinham antes acesso controlado, o advogado Paulo Cahim, 61, presidente da Associação Parque Itaguaçu em Defesa do Verde e Meio Ambiente e ex-prefeito regional da Casa Verde e Cachoeirinha na gestão de João Dória, diz que nunca houve restrição de acesso, embora houvesse um funcionário na portaria agora desativada.
“Ela tinha um bloqueio simbólico, porque tinha ali uma pessoa que fazia aquilo, mas aquilo ali não estava autorizado”, diz. “Era uma porteira inicial da construtora, na época [do loteamento] e o Rodoanel quando veio com aquela obra toda acabou tirando”, acrescenta.
Ele nega que tenha ocorrido esforços na segurança do bairro, embora a reportagem tenha presenciado a circulação de um carro de segurança privada nas vias abertas. Segundo Paulo, “a via aberta tem trânsito normal, livre” e a segurança do local é realizada pela Polícia Militar.
ABAIXO-ASSINADO
Paulo fez tratativas com a Prefeitura para fechar as ruas, porém não obteve autorização. “Fomos atrás disso, fizemos abaixo-assinado, eu mesmo acompanhei. E a orientação que os técnicos da Prefeitura nos deram foi de que não há como fechar uma área de acesso livre porque tem de ter legislação própria para isso. Tentamos isso e ainda há uma tentativa, mas a lei não permite”, explica.
Ele afirma que registrou várias queixas dos residentes do bairro. “Os moradores que estão na parte aberta reclamam pelo acesso que aumentou de pessoas, de veículos também”, que ele diz ser de centenas de pessoas.
Não há meio legal para o condomínio obter autorização para fechar as vias, uma vez que a legislação em que a aprovação foi dada na época está revogada, de acordo com a SMUL.
Ricardo de Almeida Pimentel Mendes, presidente da construtora Imobel, que gerencia o local, se recusou a conversar com a reportagem.
Gabriel Sousa é correspondente do Jardim Elisa Maria
gabrielsousa.mural@gmail.com
Gostaria de posicionar os leitores sobre algumas coisas;
Sou moradora da avenida em questão (das fotos na matéria) desde 19/11/2007 e me pergunto porque a matéria não conversou comigo, ou com os demais moradores do Conjunto residencial Itaguaçu da Cantareira, para saber o nosso lado da questão?
O que foi colocado é apenas a parte idílica, de quem vem de fora, mas e os problemas que tudo isso tem gerado?
Bem, vou expor alguns, ressaltando que tenho mais de 500 vídeos e mil fotos comprovando os problemas relatados.
Um deles é que nós moradores perdemos os direitos básicos e garantidos pela constituição do país de:
1) Ir e vir, sem ser atropelado por motoristas amadores que veem em dezenas ao mesmo tempo, praticar aula de volante sem ser habilitado, (incluindo adolescentes).
2) Ir e vir com os nossos carros sem correr o risco de atropelar alguém, uma vez que as pessoas das comunidades próximas usam A ÚNICA RUA – não há outro acesso, nem tampouco calçadas – como calçadão para corridas, bicicletas, patins, e etc.
3) Outro direito constitucional é o descanso e não temos, pois a andança começa lá para as 4 e meia da madrugada e finda, (as vezes não finda), lá para as 24:00. Risos, música alta, crianças brincando com bola, bicicleta, patins entre outros. (Se fosse parque teria horário de funcionamento)
Aqui virou um motel a céu aberto, já que alguns estacionam seus carros para praticar sexo.
Garotos das comunidades próximas vem para cá aos montes (as vezes 27 ou mais ao mesmo tempo e nos ameaçam. Eu fui ameaçada de morte por eles três vezes, até minha mãe, só porque saímos na janela para saber porque os cachorros não paravam de latir. (os meninos estava usando a corrente da minha garagem como balanço).
A violência aumentou exponencialmente. Já tivemos roubo a mão armada e até sequestro, desde que a portaria foi retirada. (Se fosse parque, teria segurança).
Como não há calçadas por ser um loteamento, as pessoas fazem “caminhada” na rua, em dupla, trio, grupo, as vezes 10 pessoas em fileiras, impossibilitando aos MORADORES usar o leito carroçável e ainda xingam; nos mandando para lugares irrepetíveis ou para dirigir pelos fios de eletricidade.
Todos os dias. TODOS OS DIAS! Temos que atender a porta, para dar água a alguém, eles pedem, as vezes mandam: _ O dona, dá água aí que estou com sede… (Se fosse parque, teria bebedouro).
Verde e meio ambiente viraram mictório, as pessoas urinam e defecam no mato… (Se fosse parque, teria banheiro)
Moramos num parque, POSTO NÃO SER UM PARQUE. (é apenas nome, como Parque dos Príncipes, por exemplo). Quem cuida da manutenção é o loteamento, e apesar de ZERA (zona exclusivamente residencial ambiental), os de fora, usam como parque, banheiro, desova de animais mortos, drogas e churrasco, mesmo não tendo acesso a banheiros ou bebedouros (aqui não tem nada disso, insisto, não é parque!).
E nós que pagamos IPTU residencial, temos todos os malefícios de viver num parque,
sendo que não é um parque. Não há moradores dentro do Horto, Vilas Lobos ou Ibirapuera, só no entorno. Nós moradores não somos responsáveis por não haver um parque na região e essa situação não é boa para ninguém, nem para nós, nem para quem usa aqui por não ter uma opção adequada.