Ícone da cultura de Embu das Artes, escritora Raquel Trindade morre aos 81
Julia Reis
Morreu na madrugada deste domingo (15), a artista plástica, escritora e ativista cultural Raquel Trindade, aos 81 anos. Atuante na cidade de Embu das Artes, na Grande São Paulo, Raquel estava internada no Instituto do Coração de São Paulo e não resistiu à complicações de uma cirurgia.
O corpo foi velado na sede do Teatro Popular Solano Trindade. O centro cultural foi fundado por seu pai, o poeta Solano Trindade (1908-1974). Nesta segunda-feira (16) foi realizado um cortejo pelas ruas do centro histórico de Embu em direção ao Cemitério do Rosário, local em que ocorreu o sepultamento.
Pernambucana e criada no Rio de Janeiro, Raquel Trindade trouxe toda sua experiência herdada de seu pai também poeta, para fazer de Embu das Artes o ponto central de sua arte. Sua vida artística teve início quando tinha 25 anos e se mudou para o município, onde se tornou responsável por comandar a luta afro cultural brasileira, levando o nome da cidade para todo o país.
Mesmo sem ter feito graduação, a rainha Kambinda, como costumava ser chamada, ministrava o curso de extensão “Identidade Cultural Afro-Brasileiro”, na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e foi professora convidada na Unicamp.
Além de fazer poesia, era coreógrafa, dançarina, artista plástica e fundadora do Teatro Popular Solano Trindade, lugar que fundou em homenagem ao seu pai. Hoje é o maior centro de cultura popular negra de Embu das Artes. O centro realiza oficinas de dança afro-brasileiras, percussão, hip hop e dança de salão, além de ensaios de Maracatu, Côco de Alagoas e Pernambuco.
Responsável pela fundação da Nação Cambinda de Maracatu, a poeta e artista plástica também escreveu duas edições sobre a história de Embu. Raquel casou-se oito vezes e teve três filhos e sete netos, dentre eles o rapper Zinho Trindade.
Julia Reis é correspondente de Taboão da Serra
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