Corredor de ônibus em São Bernardo está com obra parada há um ano e meio
Kátia Flora
Estruturas metálicas enferrujadas, água parada nos canteiros de obras, acúmulo de lixo, tapumes deteriorados, falta de sinalização e passagens improvisadas.
Essa é a situação de um trecho das avenidas Rotary e Luis Pequini, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
No local está a obra do corredor de ônibus leste oeste, paralisada desde o final de 2016, ainda na gestão do ex-prefeito Luiz Marinho (PT) e que não teve continuidade após 16 meses da administração de Orlando Morando (PSDB).
O projeto foi iniciado em julho de 2014 com o custo de R$ 209,1 milhões e prevê a ligação dessas avenidas para o tráfego de ônibus e a construção de um viaduto sobre a Praça dos Bombeiros.
Moradores e comerciantes reclamam do abandono, da complicação no trânsito no horário de pico, além de falta de segurança e diminuição no movimento dos comércios.
Vendedor de uma loja de motos e acessórios, Cledemilson de Oliveira, 33, alega que tem tido prejuízo, por conta da paralisação.
“As vendas tiveram queda mais de 40% e os clientes não conseguem estacionar porque não tem onde parar, fora os acidentes que presenciei. Fiz reclamação com a prefeitura para melhorar a sinalização, mais nada adiantou”, afirma.
O corredor irá passar por vários bairros como Vila do Tanque, Irajá e vão para o centro de São Bernardo. A promessa é de que 285 mil pessoas sejam beneficiadas.
Um dos principais bairros por onde passam as avenidas é o Ferrazópolis, onde mora o líder comunitário Mateus do Valle Oliveira, 18.
“Em dias de chuva, cheguei a ficar parado nesse trânsito cerca de 1 hora, um percurso que faria em 15 minutos. O prefeito disse que neste ano as obras retornam, mas acho difícil, porque tem eleições”, diz.
“Entro às 8h e saio às 16h, costumava chegar na minha casa antes da 17h. Com essa obra parada, levo quase 2 horas, e me programo diariamente para não atrasar, levanto 5h30 da manhã”, diz a costureira Maria das Dores Silveira, 54, que trabalha numa loja no centro de São Bernardo, na parte da confecção.
Procurada, a Prefeitura de São Bernardo, por meio da Secretaria de Transportes, diz que houve problemas na contratação. “A obra foi paralisada em novembro de 2016, durante governo anterior a este”, afirma a gestão.
A administração afirma que encontrou “uma série de falhas” nos termos e ajustes dos contratos e que revisões foram necessárias para garantir a sequência do projeto. Porém, não informou quando as obras serão retomadas.
“A previsão de conclusão é de 24 meses após o início das intervenções”, diz a nota. A gestão afirma ainda que o Departamento de Trânsito vai fazer as adequações necessárias para garantir o fluxo viário e a GCM (Guarda Civil Municipal) permanece monitorando constantemente todo o entorno para garantir a segurança.
Kátia Flora é correspondente de São Bernardo do Campo
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