Preso, prefeito de Mauá se livra de impeachment e mantém posts no Face

Laiza Lopes

Quem entra nas redes sociais do prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), pode acreditar que o chefe do executivo cumpre seu mandato normalmente no município do ABC paulista. “A administração Um Novo Tempo não para de trabalhar para melhorar a sua vida! Ao lado do povo, vamos construir uma Mauá Melhor!”, diz mensagem da última quinta-feira (17).

No entanto, o que esse internauta não verá na fanpage são desdobramentos sobre a investigação que levou a prisão do político há mais de uma semana.

Entre as mensagens no Facebook nesta semana, uma delas afirma que o município está entre as cinco melhores merendas do estado, justamente o tema que levou o político a sede da Polícia Federal preventivamente.

Atila foi preso após a PF encontrar R$ 87 mil em sua residência durante buscas da Operação Prato Feito, que investiga a suspeita de desvios na compra de merenda escolar e outros materiais em ao menos 30 cidades do estado.

Gestor manteve o tom nas postagens, mesmo após prisão (Reprodução)

O ex-secretário de Governo e de Transportes, João Gaspar (PCdoB) divide a cela com o prefeito, após agentes federais localizarem em sua propriedade R$ 588 mil  e quase 3 mil euros. Ele foi exonerado do cargo na última quarta-feira.

A página de Jacomussi no Facebook tem focado em conteúdos com tom de propaganda sobre as ações do atual mandato, como revitalização em alguns bairros, exposições e mensagens motivacionais. A reação do público se divide entre respostas de apoio e questionamentos sobre a prisão. Pouco se fala sobre a situação política e quais serão os próximos passos.

“O prefeito justificou à Justiça que o valor de R$ 87 mil em espécie que estava em sua residência é declarado em seu Imposto de Renda, com origem legal. A quantia vem do próprio salário de prefeito, do pagamento de aluguéis e saque da pensão de seu filho”, alega a defesa do gestor.

Jacomussi recorreu ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), mas teve o pedido negado e Atila segue preso. O gestor ainda deve recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal).

Mesa diretora da Câmara de Mauá, comandada por Admir Jacomussi (Valéria Vilela – CMM)

Mesmo com a prisão, o político conseguiu manter o mandato, após a aprovação de uma licença pela Câmara Municipal. A vice-prefeita, Alaíde Damo (MDB), assumiu interinamente o posto.

Alaíde é esposa do ex-prefeito Leonel Damo, que ocupou o gabinete mauaense por duas vezes: de 1983 a 1988 e de 2005 a 2008. Os dois são pais da ex-deputada estadual Vanessa Damo, que teve seu mandato cassado por crime eleitoral cometido na eleição de 2012. Atualmente, Vanessa é secretária de Assuntos Institucionais da prefeitura.

APOIO NA CÂMARA

No dia 15 de maio, a Câmara de Mauá se reuniu para votar um pedido de impeachment contra o prefeito, protocolado pela bancada do PT no Legislativo.

Em meio aos aplausos de simpatizantes do gestor e coro de “Fora PT”, os vereadores do município rejeitaram, por 22 votos a um, o pedido para afastar o prefeito.

A rivalidade com os petistas ocorre porque Atila venceu a eleição de 2016 contra o ex-prefeito Donisete Braga (PT). O único que votou a favor da saída do gestor foi o vereador Marcelo Oliveira (PT), vaiado ao afirmar seu posicionamento.

“Sabemos que é um momento difícil da cidade. Quero registrar que o pedido foi feito por entendermos que é difícil governar na situação que está [com o prefeito preso]”, disse Marcelo Oliveira (PT).

Em mais um vínculo familiar da política mauaense, o presidente da Casa é Admir Jacomussi (PRP), pai do prefeito, que colocou o tema em discussão. Por ser presidente, ele não votou.

Ao encerrar os trabalhos, Admir agradeceu o procedimento do legislativo, que manteve o mandato do filho. “Agradeço a posição da Câmara, parabenizo por ter sido feito na total legalidade e respeitando toda a legislação”.

 A Agência Mural entrou em contato com a assessoria do prefeito, mas até a conclusão desta da matéria, não obteve retorno.

Laiza Lopes é correspondente de Mauá
laizalopes.mural@gmail.com