Sem funcionários, professores e alunos revezam limpeza de escola na zona norte

Agência Mural

Kátia Flora

A professora da rede estadual Paula Aparecida Carvalho, 32, usou sua página nas redes sociais para denunciar a situação da escola estadual Pedro Alexandrino, na Vila Nova Mazzei, zona norte da capital, onde leciona.

Ela gravou um vídeo com um desabafo  sobre a situação em que se encontra o colégio, em estado de abandono.

A escola está há mais de três semanas sem funcionários da limpeza. Em 27 de abril o contrato da prestadora de serviço com o Governo do Estado foi encerrado e as três trabalhadoras que ficavam nos dois períodos  foram demitidas.

Aparecida diz que os professores foram informados pela direção com alguns dias de antecedência que a empresa terceirizada estava prestes a sair e não tinha previsão sobre a substituição, porque a a licitação estava em andamento.

“O diretor pediu para ter paciência e não deu data se seria um ou dois dias sem limpeza e estamos imersos na sujeira.  Sentimos abandonados, temos que dar conta de material, estrutura e colocar isso no plano pedagógico não está certo”, reclama.

Escola está sem funcionários da limpeza há mais de três semanas. (Paula Aparecida)

A escola Pedro Alexandrino tem 13 salas e cerca de 1.200 alunos. Muitos deles estão junto com os professores se revezando na limpeza. Os estudantes do período da manhã passam a vassoura na sala e recolhe, o lixo com a pá, para deixar organizado para  quem estuda à tarde.

No entanto, o chão continua com pó e os estudantes reclamam da poeira, do odor e alguns ficam desinteressados  em permanecer no local durante a aula. Os banheiros também estão com acúmulo de papeis fora da lixeira, o cheiro forte no vaso sanitário e o pátio que os inspetores tentam organizar.

“Já não é a primeira vez que isso acontece. Há dois anos ficamos sem funcionários por três meses e foi terrível, agora a história se repete”, lamenta a professora Joseane Batista, 32.

A direção do colégio teve que tirar dinheiro da APM (Associação de Pais e Mestres) para chamar algumas das funcionárias como diarista,  para tentar deixar os banheiros dos professores e alunos em boas condições de uso.

Batista afirma que o correto era antes de encerrar o contrato com a terceirizada preparar outra para não ficar sem respaldo. “O governo deixou chegar a esse ponto sem o pessoal da limpeza”.

“A escola é a segunda casa, porque passamos a maior parte do tempo e do jeito que está fica difícil alguém ter vontade de vir estudar”, afirma a professora Cláudia Cherice, 48. “As mulheres que trabalhavam na limpeza são negras, pobres e mães de famílias que sustentam seus lares. Sem trabalho como vão manter um lar?”,questiona.

A reportagem procurou a Diretoria de Ensino Norte 2, que atende 71 escolas da região, para saber se outras instituições estavam com o mesmo problema da escola estadual Pedro Alexandrino. Os funcionários não quiseram falar sobre o assunto e indicaram que fosse verificado com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. A pasta informou que a empresa contratada iniciaria os serviços de limpeza na segunda-feira (21), porém, até o fechamento da reportagem, a escola continuava sem o serviço.

Kátia Flora é correspondente de São Bernardo do Campo
katiaflora.mural@gmail.com