Produtores da zona sul de São Paulo aprendem a usar drones para fazer filmes na região
Mudar a perspectiva e um novo ângulo para os filmes gravados na periferia. Esse foi um dos objetivos de um grupo de produtores culturais que realizou nas últimas semanas a primeira oficina de drones, no Jardim Ângela, na zona sul da capital.
Cerca de 15 jovens aprenderam sobre legislação, software, análise física de identificação dos componentes, áreas e regras de voo, teste drive digital e curso prático de pilotagem.
A oficina foi realizada no Centro de Mídia e Comunicação Popular M’Boi Mirim, por meio de uma parceria entre produtores culturais da região sul. O Centro foi criado por meio de recursos da Lei de Fomento à Cultura da Periferia.
Um dos participantes foi o fotógrafo Daniel João, 21, morador do bairro Parque do Lago. Ele diz que é difícil acessar esse tipo de formação sem condições financeiras para a reserva. “Não é um conteúdo acessível e distribuído de forma gratuita, principalmente para quem mora desse lado aqui da cidade”, afirma.
A questão financeira para esse tipo de equipamento foi apontada como um dos principais fatores para levar a oficina, em especial, por conta do número de agentes culturais da região.
“O Ângela é uma região que possui muitos produtores, fotógrafos, e coletivos de audiovisual”, diz Flávia Lopes, 28, coordenadora do Centro de Mídia. “Essa oficina vai de encontro a muitas necessidades, como a troca de conhecimentos, a acessibilidade financeira de um curso e equipamento (o drone) que são caros no mercado da ponte pra lá.”, diz
O curso foi dado por Maycom Mota, fotógrafo e piloto de drone por um ano e meio. Foram 1h30 do curso prático de pilotagem, cerca de 10 à 15 minutos de pilotagem para cada participante.
“É importante oferecer formação sobre a utilização do drone. Ele é um instrumento eficaz no seu uso, mas também perigoso. Temos que lembrar que quando você está com ele no ar, você está com uma aeromodelo de pequeno porte em suas mãos. Mas não devemos menosprezar o tamanho dele. Ele pode causar grandes e terríveis acidentes, levando até a morte”, esclarece Maycom.
“Quando voei pela primeira vez, vi a imagem que eu fiz sozinho com o drone, a primeira coisa que pensei: isso aqui é a democratização da imagem aérea. Poder filmar na quebrada com essa tecnologia é uma revolução de linguagem e olhar”, diz o piloto de drone Marcelino Melo (o Nene), 23, um dos criadores da empresa Fluxo Imagens, criada em 2012.
A ideia é utilizar o aprendizado em sua atividade, voltada para o mercado musical.
Para o seu irmão e sociocriador na Fluxo, Maxuel Melo, 22, a democratização da tecnologia é uma oportunidade de lançar para juventude da quebrada a chance de se especializar em uma nova profissão acessível.
“Temos nossas câmeras que trabalham no chão. Agora quando você eleva uma câmera a mais de 100 metros, você muda totalmente a perspectiva de visão sobre o mesmo assunto”, explica.
“É literalmente uma abertura de horizontes, aproximar essa tecnologia e abrir novos recursos pros moleques da quebrada saberem para quê é e como serve. Essa é importância de estar aqui, fortalecendo”, reforça Max.
Léu Britto é correspondente do Monte Azul
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