CPTM tem elevadores quebrados há mais de três meses no Grajaú
Erika Pacheco
Quem circula pela estação Grajaú da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), localizada no distrito da zona sul de São Paulo, enfrenta dificuldades de acessibilidade. Há mais de três meses, um dos elevadores não funciona. Um outro equipamento que serve de acesso para a rua está sem os botões.
Quem possui dificuldades de locomoção precisa usar as escadas fixas ou as rolantes – há apenas uma para subir e outra para descer, e em alguns momentos também estão em manutenção. Estão parados os elevadores que dão acesso ao terminal de ônibus e à Rua Giovanni Bononcini.
Moradora da Vila Natal, a dona de casa Lúcia Silva do Nascimento, 47, perdeu a visão na adolescência e tem tido dificuldade para utilizar os trens. “É um absurdo, porque eu e as outras pessoas com deficiência precisamos utilizar [os elevadores], mas sempre estão em manutenção”, diz.
Para Lúcia as escadas são opções ruins. “Podem causar acidentes. Fora a questão que os outros usuários não respeitam. Simplesmente te levam junto e podem realmente causar mais acidentes”, finaliza.
O único elevador em funcionamento é o que serve para chegar na plataforma de trem, mas para acessá-lo seria preciso usar os que estão com defeito para chegar até as catracas.
A linha 9 – Esmeralda, da qual faz parte a estação Grajaú, é uma das que têm maior circulação. Só em 2017 os trens transportaram mais de 164 milhões de usuários. As composições costumam sair e chegar lotadas no Grajaú, pois liga o bairro à Estação Pinheiros, onde há integração com a linha 4-Amarela do Metrô.
A opção para quem tem deficiência é pedir ajuda de algum funcionário da estação. O professor de matemática Luiz Ferreira Bisppo, 64, tem 2% da visão e também utiliza o trem. Ele comenta que o elevador ajuda na eficiência de se locomover, mas o que falta também é a educação.
“Os elevadores são para aqueles que necessitam todos os dias, e no horário de pico é uma praticidade. Também acho que deveria ter educação dos passageiros. Se tivesse alguma orientação. Por exemplo, um cartaz com informações educacionais para agilidade e bom senso dos seres humanos”, diz.
REPARO EM SETEMBRO
A CPTM afirma que o reparo do elevador deve ser feito em setembro. Em nota, a empresa nega que tenha dois elevadores com defeito na estação Grajaú e também afirma que a situação começou há três meses. “A interdição ocorreu no dia 4 de maio. Portanto, não procede a informação de que o equipamento está interditado desde o ano passado”.
No entanto, a Agência Mural identificou dois dos elevadores com problemas como mostram as fotos. Além disso, moradores relatam que a situação do equipamento apresenta problema há mais tempo.
Segundo a CPTM, a reposição de todas as peças danificadas depende da aquisição por pregão eletrônico.
“A CPTM lamenta os transtornos e destaca que os empregados estão habilitados para auxiliar a locomoção de pessoas com deficiência nas dependências da empresa”.
Também afirma que faz campanhas de conscientização. “Cabe ressaltar que é frequente o registro de mau uso do equipamento, principalmente por atos de vandalismo como furto de fios, lâmpadas e até mesmo pontapés contra as estruturas de aço”, diz o texto.
A empresa divulgou um número de SMS-Denúncia (97150-4949) e também a Central 0800 055 0121. O serviço garante anonimato, afirma a companhia.
Erika Pacheco é correspondente do Grajaú
erikapacheco@agenciamural.org.br
Erramos: o texto foi alterado
Apesar de interdições em outros momentos, a recente interdição no elevador da Estação Grajaú começou no dia 4 de maio, há três meses, e não há seis, como foi publicado.