Em São Bernardo, gasto de candidatos vai de R$ 0 a R$ 500 mil

Kátia Flora

Com a campanha eleitoral mais curta, de apenas 45 dias, houve pouco tempo para candidatos desconhecidos mostrarem suas ideias. Por outro lado, parte dos políticos contaram com aporte grande dos partidos para entrar na disputa em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.

Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), entre os candidatos mais conhecidos, Carla Morando (PSDB) declarou o maior gasto: R$ 528 mil. A tucana, contudo, tem R$ 945 mil arrecadados para a disputa.

Ex-vice prefeito de São Bernardo, Marcelo Lima (PSD) concorreu a deputado federal e gastou R$ 280 mil, mas a campanha recebeu R$ 974 mil. No caso do deputado federal Alex Manente (PPS) foram declarados gastos de R$ 45 mil, mas arrecadação de R$ 1,2 milhão.

No PT, Ana do Carmo, candidata à federal, teve despesas de R$ 125 mil, com R$ 538 mil à disposição.

Na contramão, a professora de ensino superior Cristiane Gandolfi, 48, candidata a deputada estadual pelo PSOL, afirma ter recebido apenas R$ 1.400 do partido.

ALTERNATIVAS

A alternativa foi fazer a campanha em redes sociais como Facebook, Instagram e Whatsapp, para atingir um maior número de pessoas.

Neste ano, houve a proibição das doações de empresas. A alternativa foi apenas repasse do fundo partidário e as contribuições de moradores.

Gandolfi trabalha na Universidade Metodista de São Paulo desde 2005 e como sua carga horária é de 22 horas semanais, diz ter atuado pouco. “Não consegui fazer campanha e nem pedir doações porque foi muito rápido o período eleitoral e meu trabalho é puxado. Priorizei o pouco tempo para conversar com os eleitores”, diz.

Candidata faz panfletagem em São Bernardo (Divulgação)

A professora fez dobradas com as principais candidatas federais do PSOL, Luiza Erundina e Sâmia Bomfim, para alavancar seu nome. “Elas que gastaram o recurso com os materiais. Recebi do fundo partido o valor de R$ 1.400, mas não gastei o dinheiro e vou repassar para as pessoas que fiz dobradas nesta eleição”, comenta.

Gandolfi não fez planejamento de campanha para arrecadar votos, nem grupos de apoio. Seu marido ajudou  na panfletagem.

Diz ter entrado na disputa para propor ações contra o desemprego e quer a recontratação de cobradores de ônibus. “[A função de cobrador] não pode desaparecer. É necessário ter dois funcionários dentro do transporte público como era anteriormente”. Também fala em investir na economia para a retomada de empregos nas empresas do Grande ABC e na educação.

DIFICULDADES

São Bernardo do Campo tem cerca de 620 mil eleitores. Concorreram para deputado estadual 17 candidatos, e para federal 13 estão na disputa.

A aposentada Lenice Bezerra, 60, que mora no bairro Planalto, gosta de política e participa de movimentos sociais. “Sei das propostas dos [candidatos] mais visíveis que têm mais materiais na cidade. Essas mudanças [na legislação sobre a disputa] prejudicaram os candidatos nanicos. Com pouco dinheiro fica difícil disputar com os demais”, diz.

Para a agente de turismo Déborah Cristina Rossini, 38, as redes sociais tiveram um peso forte nesta eleição. Ela acompanhou algumas candidaturas pelo Facebook. “As plataformas digitais ajudaram na divulgação, mas também prejudicou com as notícias falsas”, relata.

O autônomo Antonio Carlos Nascimento, 47, diz que gostou de ver as ruas mais limpas na véspera da campanha. Na última eleição em 2014 lembra que quase caiu, porque os papéis tamparam um buraco na calçada. “Quase que machuco o pé, a caminho do colégio eleitoral. Estava com pressa e quando pisei meu sapato afundou, era um buraco desses que arrumam os canos de esgoto. Mas graças a Deus não aconteceu nada grave”, relembra.

Kátia Flora é correspondente de São Bernardo do Campo

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