EMTU cancela linha de ônibus em Cotia
Halitane Rocha
O assessor de vendas Israel Barone, 20, mora em Caucaia do Alto, em Cotia na Grande São Paulo. Ele trabalha no bairro do Tamboré, em Barueri, e para chegar à região utiliza a linha 414 (Alphaville 2/Atalaia), ônibus que passa apenas três vezes por dia. No entanto, a situação deve mudar.
A EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) anunciou no começo do mês o cancelamento da linha 414 (Alphaville 2/Atalaia). Ainda não foi definido quando as viagens serão interrompidas.
Após o anúncio, usuários mandaram reclamações para o site da empresa e criticaram o isolamento do bairro. Atualmente, a linha opera em apenas três horários e nos dias úteis: 5h, 6h e 16h20. A alternativa será ir até o centro do município e buscar outras opções.
Israel já viveu essa situação para chegar ao trabalho. “Antes, pegava um ônibus até o centro de Cotia, outro até Itapevi, o trem até Carapicuíba e depois subia até a empresa andando”, diz. “Mas quase sempre chegava atrasado”.
Ao descobrir esta linha de ônibus passou a chegar sempre 7h30, tornando o dia menos corrido. “Dá até tempo de tomar um café na empresa”, afirma. “Fora o conforto do ônibus e a falta de preocupação em ter que pegar outros para chegar no horário certo”, ressalta.
O impacto maior será para os moradores do distrito de Caucaia do Alto, que passarão mais tempo no transporte público para chegar ao bairro onde trabalham.
Em nota, a EMTU não respondeu a Agência Mural sobre o motivo do cancelamento. Afirmou que a linha “será substituída pela integração entre as linhas 035TRO (Mirante da Mata/Metrô Butantã) e 260TRO (Alphaville/Cotia), que cobrirá totalmente o serviço oferecido aos usuários, com a vantagem de propiciar mais oferta de viagens ao valor da mesma tarifa cobrada atualmente.”
No entanto, passageiros comentam que essa lógica tem pontos negativos. “Continuo descendo no Atalaia, mas teria que pegar o 035 que já vem lotado da garagem ou pegar o 260, que faz um trajeto diferente, pegando boa parte da avenida Inocêncio Seráfico [Carapicuíba]”, relata a jornalista Cristiane Ramos, 38. “Nos horários de pico, essa via costuma ter muito trânsito.”
Para pegar o ônibus das 5h, Cristiane precisa sair de casa às 4h15 e pega o retorno dele às 18h para chegar em casa às 21h, em média.
A situação pode fazer com que moradores passem pelos mesmos problemas que a operadora de telemarketing Geovanna Caroline, 18, que também mora em Caucaia do Alto. Ela trabalha na região de Alphaville, em Barueri, e não utiliza a linha por conta do horário.
Para chegar ao município vizinho ela precisa pegar três ônibus: um até o centro de Cotia, outro até Itapevi e depois mais um para chegar ao trabalho. No total, gasta R$ 33,20 por dia. Por causa do gasto com transporte, ela foi demitida e cumpre aviso prévio.
“Eu saio de casa às 6h20 para estar no meu serviço 9h40. Saio do serviço às 18h e chego em casa depois das 21h”, diz. “Seria ótimo poder usar apenas dois ônibus, além de economizar o que gasto de passagem, o trajeto seria mais rápido”, explica.
OUTROS CORTES
Não é a primeira vez que os moradores de Caucaia do Alto, Atalaia e outros bairros de Cotia sofrem com cancelamento das linhas de ônibus.
Em 2015, a EMTU retirou seis linhas que saíam do Atalaia com destino final a Osasco, Jandira, Amador Bueno, Aldeia da Serra e Itapecerica da Serra. Todos tiveram as linhas alteradas para o ponto final no Terminal de Cotia. A mudança fez os usuários pagarem por um transporte a mais.
Halitane Rocha é correspondente de Cotia
halitanerocha@agenciamural.org.br
Erramos: o texto foi alterado
Alterado para constar que as demais linhas alteradas saíam do bairro Atalaia e não de Caucaia do Alto.
O Brasil é um país disfuncional onde só há emprego nas grandes cidades. Perde-se muito tempo em transporte e o custo desses intermunicipais é elevado. De carro, então, fica impraticável. Moro na área e não é nenhum fim de mundo. Minha empregada sofre porque a perua que ela pegava deixou de circular. É tudo uma máfia. Decisões como essas visam exclusivamente a conveniência dos empresários ou da Prefeitura, nunca o bem estar do usuário.
Só interessa aos empresários, e por consequência à prefeitura, ônibus lotados.
Trens, metrôs não dão lucro para as prefeituras.
Mudem para mais perto de São Paulo.