O Natal de Creuza: moradora de Marsilac faz festa na zona sul de SP há 20 anos
Diogo Marcondes
O quintal grande da casa de Creuza Conceição da Costa, 67, transforma-se uma vez por ano. Moradora de Engenheiro Marsilac, no distrito de Marsilac, extremo sul de São Paulo, ela realiza uma festa que se tornou uma das tradições de fim de ano do bairro.
No último dia 16 de dezembro, o Natal da Dona Creuza completou 20 anos e recebeu crianças da região e de outras localidades da zona sul, como Varginha e Paraisópolis. A ação é em família. O marido, quatro filhos e 18 netos colocaram a mão na massa.
A ideia do natal solidário surgiu depois que ela trocou o Jardim São Bernardo, na zona sul, por Engenheiro Marsilac, há 21 anos. Antes de criar a própria ação, a aposentada atuou durante sete anos em uma associação que realizava um trabalho parecido no Naufe (Núcleo de Apoio União e Fé), no antigo bairro.
Desde o primeiro Natal da dona Creuza, em 1999, foram realizadas 20 edições sem interrupção. O projeto sempre contou com a ajuda de voluntários. “Muitos amigos e pessoas próximas ajudam (apadrinhando as crianças)”, explica dona Creuza.
Na festa deste ano, que durou cerca de quatro horas, foram servidos cachorro-quente, bolo gelado, algodão doce e refrigerante. As doações começam a ser arrecadas, normalmente, em agosto.
“Neste ano, distribuímos 150 sacolas com brinquedo, roupa, sapato, balas, doces e itens de higiene pessoal”, diz a idealizadora do evento. “Consegui 40 cestas básicas e dei para as famílias que mais precisavam. Se tivesse condição daria para todos”, afirma.
Atualmente, dona Creuza recebe o benefício assistencial pago pela Previdência Social a idosos com mais de 65 anos e mantém um bazar de roupas e acessórios, próximo de onde mora. Sem dinheiro, toda a ajuda é bem-vinda para realizar o evento.
Quem quiser colaborar pode entrar em contato com Luciana Souza, 45, filha amais velha de Creuza, por meio do Facebook. Ela ajuda a mãe desde o início da ação social.
A idealizadora da festa diz que só não quer doações de um grupo específico. “Não aceito ajuda de políticos. Odeio política”, explica. Para ela, sempre há segundas intenções por trás desse tipo de apoio.
Discreta, Creuza pediu para não aparecer nas fotos e define o trabalho com cinco palavras: “adoro ver as pessoas felizes”.
CONSOLO
Entre as pessoas que ajudam dona Creuza para que o evento seja realizado estava uma das irmãs dela, que morreu três dias antes da festa. A ação solidária serviu como consolo para a família em meio ao luto.
Segundo dona Creuza, o sofrimento pela perda de uma pessoa tão próxima foi amenizado por conta do trabalho com as crianças. “Só agora eu choro quando falo dela”.
Diogo Marcondes é correspondente de Cidade Ademar
diogomarcondes@agenciamural.org.br
VEJA TAMBÉM:
2017: Com 3.500 lâmpadas, casa é atração de Natal em Mairiporã