Passagem em Itaquaquecetuba pode ir a R$ 4,53, e prefeitura diz haver redução de passageiros
Lucas Landin
Entre 2015 e 2019, uma média de 274 mil passageiros por mês deixaram de utilizar o transporte público em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo.
Os dados são de um estudo realizado pela empresa Expresso Planalto, a pedido da prefeitura da cidade.
Entre as conclusões do trabalho está o preço da passagem para 2020, que pode chegar a R$ 4,53 – atualmente a cobrança é de R$ 4,40.
O levantamento servirá como base para o edital da licitação de transporte sobre ônibus, que deve ser lançado ainda neste mês. A Planalto está entre as prováveis concorrentes.
Procurada, a prefeitura não respondeu se não há conflito de interesse no fato de a empresa que realizou o estudo ser uma das principais concorrentes para assumir a concessão. A Expresso Planalto foi escolhida após um edital aberto pela gestão no ano passado para a realização do estudo.
Os dados apontam que são 1,3 milhão de viagens por mês nas linhas municipais. O número representa uma queda de 16,7% no número de usuários transportados pelos ônibus urbanos nos últimos quatro anos.
Se levar em conta apenas os que pagam passagem, a queda representa 22,9% dos usuários.
A consultora de negócios Sara de Paula, 30, foi uma das passageiras que abandonou o transporte público. “Troquei o ônibus por um aplicativo de transporte, pois não estava valendo a pena. Com ônibus eu gastava uma hora para chegar ao trabalho. Agora, gasto apenas 15 minutos”, afirma.
Além do tempo de espera e de viagem, a tarifa de ônibus também acabou sendo um fator decisivo. “Consigo dividir os custos da corrida com uma colega de trabalho, então sai mais barato do que uma passagem de ônibus”, comenta.
Enquanto o valor da tarifa aumentou de R$ 3,50 em 2015, para R$ 4,40 em 2019, o aplicativo Uber baixou em 17% o valor das corridas para os usuários no município.
Para o motorista de aplicativo Thiago Rodrigues, 23, que mora e trabalha em Itaquaquecetuba, a procura por esse tipo de transporte vem aumentando nos últimos meses.
“A demanda aumentou. Hoje as pessoas entendem que se juntar quatro pessoas em uma viagem pelo aplicativo, sai mais barato que pegar o ônibus”, conta.
Na percepção do motorista, os aplicativos de mobilidade já viraram um dos principais meios de locomoção em Itaquá. “Nos bairros mais afastados, você chega a ficar 50 minutos no ponto esperando o ônibus. Por isso os moradores preferem chamar um carro, que chega no máximo em 10 minutos”, afirma.
Para além dos apps, o transporte público da cidade também sofre com a concorrência direta do transporte clandestino, feito por vans e carros. O eletricista de automóveis Sidnei Cruz, 40, e sua família, moram na periferia da cidade, e têm utilizado esse tipo de transporte.
“Utilizamos principalmente para facilitar o retorno para a casa, de tarde. É muito complicado depender exclusivamente do transporte público, pois faltam horários regulares”, lamenta.
LICITAÇÃO
A concessão privada de ônibus em Itaquaquecetuba venceu em 2018, mas ainda não houve uma nova licitação para contratar uma empresa substituta. Desde dezembro do ano passado, a empresa mineira Expresso Planalto opera o sistema em caráter emergencial. Ela substituiu o Grupo Julio Simões.
A Prefeitura de Itaquaquecetuba afirma que o processo licitatório está em andamento.
Além do estudo, a empresa mineira também demonstrou interesse em continuar operando o sistema ao entregar 14 novos ônibus, e solicitar o aumento da tarifa de R$ 4,10 para R$ 4,40, pedido que foi acatado pelo prefeito no começo do ano.
Uma audiência pública sobre o processo licitatório ocorreu semana passada, onde a Prefeitura apresentou uma versão prévia do edital de licitação. Não foi permitido ao público fazer intervenções na audiência, apenas manifestações por escrito.
Lucas Landin é correspondente de Itaquaquecetuba