O desafio de expandir a cobertura para outras periferias no Brasil

Cíntia Gomes

Na missão de cobrir as periferias, surgiu em julho deste ano mais um desafio: participar de um programa de aceleração voltado para o crescimento da nossa cobertura e rede de correspondentes.

Algo que parecia ser um futuro mais distante,  bateu à nossa porta e nos possibilitou planejar e executar em quatro meses a ampliação da nossa cobertura para outras periferias fora da Grande São Paulo. Mais especificamente para Salvador, a capital da Bahia.

E como fazer tudo isso em meio à pandemia, totalmente à distância? Não foi simples. Tem sido um período intenso, realizado por meio de muitas colaborações e aprendizados tanto teórico quanto de planejamento e execução.

A Mural Salvador é um piloto que nos permitirá entender como o nosso trabalho pode ser replicado para outras partes do país. Mas, principalmente, para seguir com a nossa missão de preencher as lacunas de informação e de notícias das periferias por aí afora.

A escolha por iniciar essa empreitada em Salvador não foi por acaso. A importância de cobrir uma capital do nordeste, que é aquela com maior população negra no país, além da segunda maior população do país morando em favelas.

Como parte do projeto conhecemos 20 profissionais de comunicação e outras áreas. Durante uma semana, eles puderam conhecer mais sobre o jornalismo local produzido pela Mural. Desses, seis foram selecionados para se tornarem correspondentes locais baianos.

Acompanhar a energia e a vontade desses novos correspondentes, tem feito passar diante de nossos olhos um filme que remete ao início da história da Agência Mural, quando começamos este blog, na Folha, em 2010.

Como uma jovem recém formada e em busca de contar histórias e contribuir de alguma forma para um jornalismo diferente que não mostrasse só o lado negativo da região em que cresceu, no meu caso, o Jardim Ângela, que já foi considerado um dos bairros mais perigosos do mundo. 

Parar e olhar tudo o que construímos até aqui, o quanto cada correspondente que já passou na Mural é parte disso, só fortalece o nosso fazer jornalístico diário cobrindo as periferias. 

Seja em São Paulo, Salvador ou em qualquer outro canto em que haja invisibilidade e deserto de notícias.

Sem dúvida, é um marco realizar essa expansão, ao mesmo tempo em que completamos uma década de existência. Com tantos erros e acertos, conseguimos colocar em prática o planejado de algo que parecia não ser pra já.

E passar por tudo isso, só reforçou que fizemos a escolha certa. 

Cíntia Gomes é jornalista, cofundadora e diretora institucional da Agência Mural de Jornalismo das Periferias. 
cintia@agenciamural.org.br