Como aplicamos 8 indicadores de credibilidade em nosso jornalismo
Anderson Meneses
Foi em maio de 2018 que aceitamos o desafiador convite da Ângela Pimenta e do professor Francisco Belda para aplicar, no jornalismo da Agência Mural, os indicadores do Trust Project (Projeto Credibilidade).
Confesso que a gente não tinha entendido muito bem o que deveria acontecer na prática, mas aceitamos. A animação dos dois por trazer o projeto para o Brasil e a nossa vontade de discutir ética no jornalismo falaram mais alto.
De lá para cá foram diversas reuniões, encontros virtuais, debates, conversas, documentos do drive e muita conversa. Paulo Talarico (editor-chefe) e Amanda Gedra (desenvolvedora web) me acompanharam nessa jornada junto com os gestores.
Como contamos semana passada, no dia 24 de novembro, entregamos aos nossos leitores um novo site. Com ele, atendemos os requisitos de conformidade dos 8 indicadores de Credibilidade, ao lado de outras organizações jornalísticas como esta Folha, a Amazônia Real, Nexo Jornal, O Povo, Poder360, Gazeta do Espírito Santo, e os dois mais novos integrantes: a Ponte Jornalismo e a GauchaZH.
Mas o que significa estes indicadores na prática? E como isso aparece para o leitor? É isso que vou tentar responder nesta thread. Bora lá?
Disponibilizamos em nosso rodapé a Política de Ética que precisa ser seguida por toda rede de correspondente da Mural, além da nossa Política de Prática de Correções. E em nosso site institucional é possível saber todos os financiadores da nossa organização sem fins lucrativos.
No fim da reportagem, exibimos o nome, foto, biografia, bairro e o Linkedin da-o jornalista. Cada autor tem uma página que agrega todas as suas publicações. O leitor também terá acesso ao e-mail dos correspondentes. – correspondente local é o “cargo” dado a todo jornalista aqui na Mural e estão em nossa linda página de equipe.
Ressaltamos para o leitor se aquela história que ele está lendo é uma Opinião, Crônica ou Notícia. Para aqueles conteúdos apoiados, também exibimos uma mensagem e o logo do apoiador no início do texto.
Agora os jornalistas podem disponibilizar para os leitores o processo e os dados necessários para apurar uma reportagem. A ideia é contar como uma reportagem foi feita e apresentar os dados utilizados na apuração e os arquivos recebidos via Lei de Acesso à Informação no campo “Como fizemos?” no fim da página.
Além da nossa política editorial disseminada internamente, mantemos em destaque os 10 princípios para a cobertura jornalística das periferias. Mais dois documentos importantes que guiam o nosso jornalismo.
Agora, identificamos as pautas com uma tag do local, além de lançar a página “Sua Quebrada”, onde é possível navegar por todas as regiões da Grande São Paulo.
Criamos a “Declaração de Diversidade de Vozes” e disponibilizamos os dados de faixa etária e cor/raça de nossa rede de muralistas.
Em toda reportagem também aparece o botão “Reportar erro”. O formulário é enviado ao nosso editor-chefe, que analisa e responde todos os casos.
E por último, apresentamos o “Tijolilson”. Ele está presente em todo o site da Mural e sempre levará o leitor para conversar com a redação.
E seguimos um padrão para exibir tudo no código fonte. A ideia é fornecer aos buscadores e mídias sociais padrões técnicos consistentes de que precisam para apresentar notícias confiáveis, relevantes e honestas. Google, Facebook e Bing já usam na hora de exibir um resultado.
No fim, descobri que credibilidade se constrói com transparência e conversas. E é isso que os indicadores buscam.
Anderson Meneses é codiretor e cofundador da Agência Mural de Jornalismo das Periferias
anderson@agenciamural.org.br