Morador de bairro de Santo André gasta até R$ 18 por dia com ônibus
Quem mora no bairro Parque Andreense, na cidade de Santo André, na Grande São Paulo, paga uma conta mais alta para usar o transporte público, acima dos R$ 3,50 das linhas municipais.
Com aproximadamente 4 mil habitantes, a única opção dos moradores são os intermunicipais, que passam na rodovia Índio Tibiriça, principal via de acesso a Ribeirão Pires e São Bernardo do Campo, cidades vizinhas.
Há duas linhas: a 165EX1-Rio Grande da Serra (R$ 5,05) e a 165-Ribeirão Pires (R$ 5,50). Ambas vão até o Terminal Metropolitano de São Bernardo do Campo, principal ponto de trabalho de quem é da região, já que para andar dentro de Santo André fica mais caro.
“O transporte acaba limitando a gente em tudo. Existem várias coisas que há na cidade, mas se você quer visitar um teatro, algo que a prefeitura oferece, é um ‘de graça’ que acaba não sendo”, desabafa o florista Thiago Fabril, 30, que chega a gastar R$ 18,40 para chegar ao centro e que participou de protestos contra a alta nas tarifas.
O trajeto ao trabalho é repleto de baldeações apesar da distância de 30 km. Para chegar ao centro de Santo André é necessário ir até Ribeirão Pires pela linha intermunicipal (R$ 5,50), pegar um trem até a estação de Santo André.
Outro caminho é ir a São Bernardo e de lá pegar um trólebus (R$ 3,70) até a região central, onde o florista trabalha. Somadas as passagens ficam R$ 9,20 ou R$ 18,40 ida e volta.
Fabril diz que com carro não muda, pois a Índio Tibiriça é a única opção. “A gente se sente isolado de tudo”, ressalta.
Ele também relata que os moradores chegam a gastar, por vezes, R$ 25,40 quando precisam fazer alguma consulta médica no Hospital da Mulher, no Parque Novo Oratório, pois é necessário desembolsar mais R$ 7, ida e volta.
O bairro conta também com a linha 165BI1- Santo André (Billings)/São Bernardo (R$ 4,30) que passam apenas quatro vezes por dia.
MANIFESTAÇÃO
Na última quinta (22), os moradores participaram da manifestação que ocorreu no centro de Santo André, organizada pelo Comitê Regional Unificado Contra os Aumentos das Passagens de Ônibus do ABCDMRR. “Se a tarifa não baixar, a cidade vai parar”, gritavam no caminho ao paço municipal.
O intérprete de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) Lauro Luan Lima, 23, participou do ato. “Não há muita opção, quem tem carro, usa carro”.
No protesto, ele e outros moradores encaminharam uma carta ao prefeito, Carlos Grana. Na sexta-feira (23), se reuniram com o mandatário e foi discutida a implantação de linhas para o bairro. O gestor afirmou que pretende dialogar com o governo estadual para negociar a extensão dos intermunicipais e o barateamento da tarifa.
A criação de linhas municipais não é possível, segundo a gestão, pois circularia por outros municípios. “Eles estão transferindo a responsabilidade para o Governo do Estado”, discorda Marcelo Reina, um dos organizadores do comitê.
Apesar disso, o prefeito prometeu melhorias, que eram cobradas pelos Andreenses como a extinção da taxa de esgoto e o reembolso das cobranças indevidas, por conta da região não ter esgoto nem água encanada; manutenção das áreas de lazer, implantação de equipamentos de ginástica e a coleta do lixo hospitalar.
Fabiana Lima, 30, é correspondente de Santo André
fabianalima.mural@gmail.com
@Fabianasilim
SAIBA MAIS:
– Moradores criam ação para presentear crianças em Santo André
– Movimentos preparam protestos pela Grande SP contra alta nas tarifas
– Com aumento, passagem passa de 8 reais entre Mairiporã e São Paulo