Com músicas de RuPaul, concurso de “Drags” anima Cachoeirinha
Teve bate-cabelo, purpurina, “extravaganza e eleganza” – fãs do “RuPaul’s Drag Race” entenderão. Mas também teve manifesto em prol da cultura negra e LGBT. Tudo isso em uma noite de sábado (21), no “8º Drag Contest”, que aconteceu no CCJ – Centro de Cultural da Juventude, na Vila Nova Cachoeirinha, zona norte de São Paulo.
Sem perder também a pompa dos concursos de Miss – com coroas de Swarovsky e faixas para primeiras colocadas -, o evento foi apresentado pelo maquiador e ex-bbb Dicesar, encarnando seu personagem Dimmy Kieer.
O concurso integrou uma série de eventos no local, ligados à temática LGBT, incluindo oficina de maquiagem com o próprio Dicesar, roda de conversa sobre identidade de gênero e espetáculo com a cantora e performer Shanawaara.
O visagista Claudinei Hidalgo – ou Fátima Fast Food, nas noites do Blue Space, famosa casa noturna na zona oeste – está há cinco anos na curadoria do evento e só tem a comemorar a repercussão.
“Os candidatos sabem que esse é o único concurso drag no Brasil. A gente faz com que a participante saia, além do prêmio, com alguma bagagem de conhecimento sobre a cultural gay”, explica Hidalgo.
Para levar o título de “Rainha Drag” deste ano, cada uma das treze candidatas tinha direito a três minutos de apresentação – e apesar de muitas terem atirado perucas e batido cabelo, o que conquistou o público presente foram as referências ao programa do norteamericano RuPaul. Que o digam a finalista Kelly Williams, que fez o público ovacionar seu espacate ao som de “Don’t be jealous of my boogie”.
Já a grande campeã do evento, Calupsyta Zabelê, conquistou o público com sua fantasia burlesca ao som do mambo de Yma Sumac. O artista Calo Zabel, 30, que encarnou a personagem, enxerga o drag como uma arte. “Todo mundo se alegra e se encanta quando vê uma”, diz.
Dicesar esteve pela primeira vez na Cachoeirinha. Perguntado sobre os espectadores do evento, ele diz não ver distinção do público LGBT que mora no centro ou na periferia. “O povo da periferia é antenadíssimo, bem! Com a internet, em um minuto a gente consegue saber o que acontece nos Estados Unidos, Rio, São Paulo, na Mooca ou na Freguesia do Ó”, opina.
E finaliza com um conselho às drags que estão iniciando a carreira: “Acredite, aqueles três minutos no palco são teus. Você é a melhor! E saiu do palco, bota o pezinho no chão”, finaliza.
Jéssica Costa , 24, é correspondente de Taipas
@eujessicacosta
jessicacosta.mural@gmail.com
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