Projeto une jovens para mapear áreas de concentração de lixo no Jaçanã
A subprefeitura do Jaçanã Tremembé, na zona norte de São Paulo, não conta com Ecopontos para o descarte de entulho, móveis velhos e materiais recicláveis por parte da população. Em conseqüência, o descarte de lixo é feito de maneira irregular nas vias públicas do bairro.
Com o objetivo de identificar os principais pontos de concentração de lixo na região, o projeto Fórum Verde propõe que os jovens locais façam um mapeamento das áreas de resíduos sólidos da comunidade, ao mesmo tempo em que são capacitados em teatro do oprimido.
A iniciativa é organizada pela ONG Mudança de Cena, em parceria com a Trupe Ortaética de Teatro, que busca democratizar o teatro por meio do método do já falecido teatrólogo brasileiro Augusto Boal. Os jovens vão identificar os conflitos ambientais do bairro e criar uma encenação teatral que será apresentada no fim do projeto.
Alguns encontros ocorrem no Ceu Jaçanã, um dos parceiros da iniciativa, no espaço que fica ao lado do córrego Tremembé, que também sofre com o descarte de entulho, conforme já pelo Mural. Outras reuniões são realizadas em praças do bairro.
O projeto tem financiamento do Fundo Municipal do Meio Ambiente e busca aumentar o contato dos adolescentes com o meio ambiente e a cidadania. “Hoje vejo tudo diferente, antigamente não pensava na importância do verde, como faço hoje em dia”, explica Mateus Madeiro de Oliveira, 16, estudante e morador do Jaçanã.
“Aprendo sobre meio ambiente, conservação do bairro e respeito às pessoas. Isso me ajuda a ser um cidadão”, diz Renan Fernandes Silva de Oliveira, 17, estudante e morador do Parque Edu Chaves.
O descarte de entulho pelas vias públicas faz com que moradores de outras regiões tenham uma visão negativa do bairro. “Quando cheguei fiquei com medo, mas você vem, conversa com as pessoas e é diferente. Elas são iguais a você, gostam das mesmas coisas”, define o estudante Lucas Mitter Prado, 17.
As ações impactam os adolescentes e até mesmo quem é responsável pelos encontros. “Nesse projeto eu comecei a ter essa preocupação com a cidade. Em breve, eles vão fazer pesquisas, conhecer a história do bairro, descobrirão o que eles gostariam de modificar e vão propor soluções”, diz a coordenadora do projeto, Yara Toscano, 41.
“No começo, eu achei que as pessoas fossem encrenqueiras, depois fui vendo que elas não são assim. Aquilo que a mídia mostra é só uma pequena parte do que é realmente a periferia. Ela em si te muito mais a mostrar, tanto cultura, quanto arte”, finaliza Caike Eduardo Paulino do Carmo, 15, estudante e morador da Cachoeirinha, também na zona norte.
Aline Kátia Melo, 30, é correspondente da Jova Rural
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