Comerciantes protestam contra obras e faixas exclusivas na zona leste de SP

Agência Mural

As faixas exclusivas de ônibus e as obras da linha 15-prata do monotrilho em Sapopemba e em São Mateus, na zona leste da capital, têm trazido transtornos para comerciantes das avenidas Sapopemba e Mateo Bei.

Os motoristas também reclamam da diminuição do espaço nos dois sentidos em razão das intervenções. Já os passageiros argumentam que as pistas destinadas aos coletivos trazem mais rapidez nos horários de pico e devem ser mantidas.

Proprietária de uma perfumaria próximo ao número 11 mil da avenida Sapopemba, Maria Aparecida da Silveira, 49, explica que vem sendo prejudicada por causa dos trabalhos no local. “As faixas podem ser boas para as pessoas, só que para mim trouxe prejuízo. Fica mais difícil para estacionar. O cliente prefere um comércio com fácil acesso”, comentou.

Raí Saraiva, 22, atendente de uma loja próxima que vende eletroeletrônicos usados, afirma que a poeira da construção suja os comércios em volta. “É o nosso caso. Precisamos manter isso aqui limpo direto. Tenho que estar com o pano sempre na mão para não deixar os televisores sujos”, disse.

Avenida Sapopemba ficou com apenas uma faixa de rolamento para veículos de passeio
Avenida Sapopemba ficou com apenas uma faixa de rolamento para veículos de passeio

O vendedor Antonio Ferreira, 57, usa a avenida que dá nome ao bairro todos os dias com o seu veículo e nota a diferença no tráfego. “Nós, que passamos aqui de carro, ficamos com apenas uma faixa na via”, ressaltou.

Os corredores começaram a ser construídos em setembro de 2013, mas foram divididos em trechos. Na Sapopemba, toda a sua extensão tem 11,2 km. Na Mateo Bei são 7,8 km.

Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), eles foram projetadas para funcionar em horários de pico, das 6h às 9h e das 17h às 20h. Fora destes horários, as faixas podem ser utilizadas pelos demais veículos.

E quem usa, aprova. “O número de ônibus é menor que o de carros e não ficamos parados perdendo tempo em meio ao trânsito”, reforçou a dona de casa Quitéria dos Santos Costa, 53.

As obras da linha 15-prata – que ligará o Ipiranga até a Cidade Tiradentes – começaram em junho de 2012. O Metrô de São Paulo, responsável por sua operação, esclareceu que alguns locais ainda permanecem provisoriamente ocupados, aguardando o término dos trabalhos e outros já estão liberados.

expectativa é que a conclusão de toda linha ocorra em 2016.

Próximo ao Largo de São Mateus, o antigo terminal de ônibus, da década de 1980, foi demolido há algumas semanas para dar lugar a uma estação do monotrilho.

Antigo terminal de ônibus de São Mateus, próximo ao Largo de São Mateus, foi demolido e dará lugar a uma das estações do monotrilho
Antigo terminal de ônibus de São Mateus foi demolido e dará lugar a uma das estações do monotrilho

Na Mateo Bei, o proprietário de uma ótica, Fábio Tamai, 44, defende os corredores para ônibus. “Fui um dos poucos comerciantes que não participaram das manifestações contra as faixas exclusivas e o fim da zona azul aqui em São Mateus. A maioria das pessoas que usa coletivo não pode ser penalizada pela minoria que busca mais o conforto do que a rapidez”, finalizou.

A CET e o Metrô também minimizaram os impactos dos projetos aos comerciantes ao reforçar que os ganhos serão maiores para a população após a entrega das obras e o aumento da fluidez dos coletivos. 

Lucas Meloni, 24, é correspondente do Sapopemba
@LucasMeloni
lucasmeloni.mural@gmail.com

 

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