Museu do Jaçanã exibe nova fachada e sedia debate sobre circos na periferia
No último domingo (27), o Museu Memória do Jaçanã, na zona norte de São Paulo, foi reaberto pela primeira vez desde janeiro para hospedar um debate sobre circo na periferia. No evento, promovido pelo grupo Do Balaio, os moradores tiveram a chance de ver a nova fachada do prédio, que fechou as portas por tempo indeterminado para uma reforma geral.
“O objetivo desta roda de conversa é resgatar a memória do circo nos bairros, com foco na musicalidade circense”, explicou Angela Garcia e Garcia, 27, arte educadora do Balaio. O grupo completou dez anos de atividade.
Os moradores que compareceram ao debate enfrentaram o frio e a garoa para compartilhar suas memórias. A artista plástica Ingrid Ramanush, 49, lembrou da época em que ia ao circo com o pai, o avô e com as amigas, com quem ia ver cantores que ouvia no rádio.
“Moro no Jaçanã há 43 anos. Quando era criança, a escola fazia excursão para o circo. Um deles ficava aqui na avenida Guapira, onde hoje existe uma agência bancária”, disse.
Para outras moradoras que foram ao evento, o circo faz falta nos dias atuais. “Levaria minha bisneta de 10 anos e o bisneto, de 7. Eles não conheceram o circo como eu conheci”, comentou a aposentada Margarida Corrêa Campos, 70.
“Ele faz muita falta atualmente nos bairros, nas periferias. Hoje fico feliz de relembrar as histórias quando vou ao Centro de Memória do Circo na Galeria Olido, no centro”, afirmou a cordelista Josefa Maria Olívio da Silva, 63, mais conhecida como Zezinha Olívio.
REFORMA
O museu foi reaberto excepcionalmente no domingo para hospedar o evento, pois continua com a reforma que começou em janeiro deste ano.
“Hoje nós abrimos o espaço para vocês conhecerem a nova frente do Museu Memória do Jaçanã. É só o começo do projeto que terá mais um andar, uma biblioteca e um auditório. Ele preservará e trará mais cultura ao bairro”, declarou Sylvio Bittencourt, 83, fundador e presidente do museu, na abertura do evento.
Mas, para completar as obras, são necessárias doações. “Queremos colocar um portão de correr aqui na frente para evitar pichações e vandalismo. Mas é muito caro. Todo dia quando vou embora, não consigo dormir, preocupado com a fachada nova desprotegida”, explica Bittencourt.
Quem tiver interesse em ajudar, pode colaborar com dinheiro, materiais de construção ou comprar o livro “Moro em Jaçanã: 143 anos de história”, que custa R$ 30,00. Basta entrar em contato pelo e-mail raonny.oliveira@gmail.com ou pelos telefones (11) 2241-4286 e (11) 94727- 2351.
Já os dados para depósito bancário são:
Associação Museu Memória do Jaçanã
Banco do Brasil
Agência 6833-0
C/C 8803-X
Aline Kátia Melo, 30, é correspondente da Jova Rural
@alinekatia
alinekatia.mural@gmail.com
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