Moradores buscam alternativas para o abastecimento de água na Grande SP
Com a queda nos níveis do Sistema Cantareira, que opera com 13,6% da sua capacidade após a liberação da segunda reserva técnica, a crise hídrica está alterando a rotina de moradores da capital e da Grande São Paulo.
De acordo com pesquisa divulgada pelo Datafolha na última semana, a falta de água já atingiu pelo menos 60% dos paulistanos. Para continuar realizando suas atividades diárias, a solução encontrada por muitos é fazer o armazenamento e reaproveitamento do recurso em casa.
Em diferentes regiões, o Mural ouviu relatos de moradores que estão sofrendo com a interrupção do abastecimento.
ZONA LESTE
Os moradores do Jardim Robru, no extremo leste da capital, sofrem com a interrupção no abastecimento todas as noites, das 21h até 6h do dia seguinte. Diante da escassez, muitos estão recorrendo a uma bica d’água, localizada na avenida Água Vermelha.
Entretanto, a qualidade dessa água causa preocupação. A dona de casa Solange Aparecida, 43, não pensa em utilizar a bica. “Ah não, eu sinto nojo”, diz. Segundo ela, no local havia até uma placa sinalizando que não era potável.
Já o comerciante Francisco Pereira, 63, vê a bica como uma alternativa futura para utilizar a água em serviços caseiros, mas não para o consumo. “Por enquanto eu não pego. Tenho um “baldão” aqui [em casa], que a gente enche antes de acabar [a água], e as garrafinhas”.
GUARULHOS
Em Guarulhos, na Grande São Paulo, o racionamento não é novidade. Um exemplo disso é o bairro Jardim City, onde moradores antigos comentam que há 15 anos convivem com a falta de água um dia sim e outro não.
A solução encontrada pela moradora Daniele da Silva, 32, professora, foi armazenar o recurso em galões e reutilizar. “Eu aproveito a água da máquina de lavar para limpar o quintal”, conta.
Em outra parte de Guarulhos, no bairro dos Pimentas, o racionamento não declarado ocorre há pelo menos 32 anos. Os moradores recebem o líquido em dias alternados, da mesma forma que ocorre no Jardim City.
O aposentado Gilberto Andrade, 59, mora na cidade há 21 anos e confirma que o problema é frequente na região. “Sempre vivemos no racionamento aqui. Isso, agora, não é novidade nenhuma. Nada mudou, continuamos sem água da mesma maneira”, afirma.
Além de ter duas caixas para os dias de seca, o morador criou um sistema para que a chuva caia diretamente em um tambor e assim consiga lavar o quintal com o recurso armazenado.
Para a vendedora Albeniza Alves, 43, após ter sofrido por três dias sem abastecimento, a solução foi adaptar a rotina. Ela comprou duas caixas, começou a fazer o armazenamento em um tambor e passou a reutilizar a água da máquina de lavar para limpar o quintal, o banheiro e os tapetes.
MAIRIPORÃ
Em Mairiporã, cidade vizinha de Guarulhos ao norte da região metropolitana, a situação é oposta. Não há interrupções frequentes no fornecimento, pois o município não é diretamente abastecido pelo Cantareira. Boa parte da água vem de um sistema baseado em poços e nascentes.
Com a crescente falta de água em outras regiões, é comum ouvir o relato de pessoas que estão buscando água ou levando roupas para lavar na casa de amigos e familiares que moram em Mairiporã.
De acordo com a bancária Fernanda Botella, 23, isso faz com que os moradores da região ainda não entendam a gravidade do problema. “A represa de Mairiporã é só de passagem [da água]. Como o nível dela está relativamente normal, as pessoas aqui acham que é exagero quando se fala em acabar a água. Mas a situação é pior do que as pessoas imaginam”.
Felipe Nascimento, 23, é correspondente do Jardim Robru
@_fnsouza
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Humberto Muller, 23, é correspondente de Mairiporã
@lagomuller
lagomuller.mural@gmail.com
Jéssica Souza, 23, é correspondente de Guarulhos.
jsouza.mural@gmail.com
Olivia Freitas, 23, é correspondente de Guarulhos
@liila_freitas
oliviafreitas.mural@gmail.com
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