Movimentos preparam protestos pela Grande SP contra alta nas tarifas

Agência Mural

O vendedor Djones Frank Silvino Lira, 23, morador do bairro Jardim Santo André, gasta até uma hora e meia para ir de casa ao trabalho, no centro de Santo André, na Grande São Paulo, em um trajeto de 10 km.

“Os ônibus quando vêm, vêm lotados. A gente deixa de comprar carro, mas não há alternativa: há poucas linhas e a frota é pequena”, reclama.

Estudante do quarto semestre de direito, ele utiliza principalmente a linha I05 da EPT (Empresa Pública de Transportes). Djones diz ter ficado indignado ao saber do aumento da tarifa na cidade. “[A solução] é aumentar a frota e não a passagem”, completa.

A insatisfação no ABC é semelhante a de outros municípios da Região Metropolitana de São Paulo. Após a alta no preço das passagens de ônibus, movimentos populares de várias cidades preparam protestos para os próximos dias, seguindo o que ocorreu durante a última semana na capital.

Em Carapicuíba, moradores reclamam da tarifa ter mesmo valor da capital em uma cidade menor
Em Carapicuíba, moradores reclamam da tarifa ter mesmo valor da capital em uma cidade menor

Os movimentos sociais formaram o Comitê Regional Contra o Aumento das Passagens de Ônibus do Grande ABC, que já realizou dois atos, um em Mauá e outro em Santo André. A terceira manifestação ocorrerá em São Bernardo do Campo, nesta quarta-feira (14), às 17h, na frente da rodoviária. No sábado (16), uma reunião em Santo André irá discutir o transporte.

A passagem dos coletivos municipais passou a custar R$ 3,50, com um acréscimo de R$ 0,50. Os trólebus e intermunicipais também aumentaram em 16%. Em contrapartida, houve o anúncio de que haverá passe livre para os estudantes, mas o funcionamento ainda não foi detalhado.

REGIÕES NORTE E LESTE

No município de Mogi das Cruzes, região leste da Grande São Paulo, a alta foi a mesma nas linhas municipais, enquanto houve acréscimo maior no intermunicipal de R$ 3,30 para R$ 3,85.

No Facebook, páginas como “Somos Todos Contra o Aumento da Passagem de Ônibus para 3,50” e “Não ao Pacotão de Aumentos em Mogi” planejam passeatas e protestos contra o novo preço. O próximo ato está previsto para sexta-feira (16). Eles também fazem coleta de assinaturas contra o reajuste, reuniões e aulas públicas para debater o aumento.

Na mesma região, em Poá, a alta foi maior, 21%, com as linhas municipais, que saíram de R$ 2,80 para R$ 3,40.

Em Guarulhos, o movimento ‘Passe Livre-Guarulhos’ organizou na última segunda-feira (12) um ato contra a tarifa. Quatro dias antes, houve uma reunião aberta com os movimentos sociais da cidade. Segundo o Coletivo de Cultura independente, Comunicação e Arte Urbana da Zona Norte de Guarulhos, cerca de 300 pessoas se reuniram no local. Veja fotos aqui.

A tarifa foi para R$ 3,50 nas linhas municipais e a intermunicipal varia entre R$ 3,75 ou R$ 5,70.

CIDADES MENORES QUE A CAPITAL

Um dos questionamentos dos grupos é o tamanho das cidades, que são menores que a capital, mas estão com um valor idêntico. O movimento Osasco Contra o Aumento programou ato para a sexta-feira (23), em frente a estação de trens no centro. “Osasco é 10 vezs menor do que São Paulo. Cobrar a mesma tarifa de São Paulo por uma quilometragem menor é desproporcional”, cita o movimento nas redes sociais.

Passagem foi reduzida para R$ 3 na região de Osasco após os protestos de junho de 2013 e voltaram a ter alta
Passagem foi reduzida para R$ 3 na região de Osasco após os protestos de junho de 2013 e voltaram a ter alta

O grupo também fez um ato na terça-feira (13) junto ao coletivo Sonho e Luta. Eles pedem bilhete único e ônibus 24 horas, além de questionar os contratos com as empresas de transporte coletivo. O reajuste foi aplicado junto com outras cidades da região e as prefeituras alegam que haverá gratuidade para estudantes. É o caso da vizinha Carapicuíba, em que o passe livre foi instituído por meio de decreto municipal e beneficiará estudantes de programas federais (ProUni e Fies).

O passe é restrito a estudantes que morem a mais de 2 km da escola (em São Paulo é 1 km) e com renda familiar de até dois salários-mínimos (na capital é 1,5). No entanto, o decreto não esclarece o número de cotas permitidas ou se uso será liberado para os fins de semana e férias. Atualmente, o passe escolar pode ser adquirido duas vezes por mês, com limite diário de seis viagens.

A igualdade com o preço da cidade paulistana é questionada por moradores, já que as viagens são curtas e não há benefício para uso de bilhete único (mais de uma viagem com apenas uma tarifa). As tarifas intermunicipais passaram de R$ 3,75 a R$ 4,10.

 

Alan Felipe, 21, é correspondente de São Bernardo do Campo
@Lanfelipe
alanfelipe.mural@gmail.com

Fabiana Lima, 30, é correspondente de Santo André
fabianalima. mural@gmail.com
@Fabianaslim

Jéssica Souza, 23, é correspondente de Guarulhos
jsouza.mural@gmail.com

Jéssica Suellen, 24, é correspondente de Mogi das Cruzes
@JessicaSuellen_
jessicasuellen.mural@gmail.com

Mônica Oliveira, 50, é correspondente de Carapicuíba
@idmonica
monicaoliveira.mural@gmail.com

Paulo Talarico, 24, é correspondente de Osasco
@PauloTalarico
paulotalarico.mural@gmail.com

Tamiris Gomes, 24, é correspondente de Poá
@tamigomes_
tamirisgomes.mural@gmail.com

SAIBA MAIS: 

– Com aumento, passagem passa de R$ 8 entre Mairiporã e São Paulo

Na Grande SP, problemas no transporte vão de atrasos em terminais a falta de integração

Ônibus não passa e passageiros enfrentam lotação na madrugada

Comentários

  1. Queria saber onde anda o Sindicato dos Metroviários que não se manifestou até o momento.
    Será que é por que com o aumento das tarifas eles podem reivindicar um aumento maior no próximo dissidio da categoria?

Comments are closed.